O impacto das fake News (notícias falsas), especialmente neste momento eleitoral em que as mentiras tomam conta das redes sociais, na busca por votos, estão em debate no podcasts Jus no Fim do Túnel.
Produzido pela Fundação Arcadas, braço institucional da Faculdade de Direito da USP, o episódio teve como convidados Eugênio Bucci, superintendente de Comunicação da USP e professor de jornalismo da ECA-USP; e José Luis Bolzan de Morais, professor da Faculdade de Direito de Vitória, coordenador da missão de observação eleitoral do TSE e autor do livro “A democracia sequestrada”.
“Esse tema se torna extremamente importante. É preciso discutir os aspectos das fake news e seus impactos na sociedade e no mundo jurídico e como estamos reagindo”, acredita o professor Marcelo Bonizzi (DPC-FDUSP) que ancorou as discussões.
Para Bucci, a desinformação não é um conteúdo, mas um ambiente que busca motivar a desconfiança nas instituições, como nas universidades, na Justiça e na Imprensa. “Está havendo um divórcio entre os fundamentos da cidadania e a razão, a observância dos fatos e um certo respeito pelo conjunto das instituições que guardam o saber que nós preservamos”, disse.
“Isso (fake news) se institui em uma grande ameaça a ordem democrática, uma ameaça conhecida, sabida”, acrescenta.
Morais ressaltou que de uns tempos para cá parece está havendo erosões da democracia. “A desinformação que circula nos novos meios de comunicação e como isso ganha espaço, traz uma série de perspectivas que devem ser objeto de atenção”, ressalta.
Bobbio
Entre os tempos citados, falou de trabalhos clássicos, sobretudo de pensadores como Norberto Bobbio, que se preocupa com a democracia. E ressaltou que, de um tempo para cá, o que se tem observado é o impacto negativo de novos mecanismos sobre os processos democráticos, sobre aquilo que estaria consolidado como desenho das democracias constitucionais. “De alguma maneira essa questão (fake News) ganhou relevância levando desinformação sobre temas relativos à saúde pública, por exemplo, colocando uma interrogação sobre a ciência”, observa.
De acordo com ele, dialogar com essa questão da desinformação pode impactar os processos eleitorais e a própria democracia. e acrescentou que é fundamental o papel do Direito caminhar na mesma velocidade para colocar as regras do jogo democrático.
Por sua vez, Bonizzi realçou o fato de as redes sociais darem um “megafone para as pessoas que antes falavam para meia dúzia e hoje conseguem falar para seis milhões .
Entre outras questões, Bucci assinalou a necessidade de reagir às fake News, criando anticorpos, com ações preventivas. Dentre as quais as agências de checagem de notícias. “Os próprios órgãos de imprensa vêm abraçando essa ação de ação preventiva com sucesso”, afirmou.
Ao passo que Bonizzi adicionou que essas mentiras criam realidades paralelas, disseminando ódio.
