O Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP foi tomado pela emoção (08/11) em mais uma aula do professor Masato Ninomiya, Departamento de Direito Internacional e Comparado. Uma aula especial, de despedida da Graduação, por conta da aposentadoria compulsória. Não uma despedida de adeus, como reforçou o diretor da FDUSP, Celso Fernandes Campilongo, mas de início como professor Sênior, para continuar a passar todo seu conhecimento, especialmente aos estudantes de Pós-Graduação.
A solenidade foi marcada por autoridades, antigos alunos, familiares, amigos, membros da comunidade japonesa, somados às diversas instituições. Nos discursos, Gustavo Monaco, chefe do DIN-SanFran, Kyosuke Nagata, Reitor da Universidade de Tsukuba, Japão; do professor da Universidade de Tokio, Hiroshi Oda; do presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, Renato Ishikawa; e mensagens do embaixador do Japão, Teiji Hayashi; do presidente e do ex-presidente da Jica, respectivamente Akihiko Tanaka e Shinichi Kitaoka, destacaram fragmentos da história do homenageado, pontuando suas contribuições para as comunidades brasileira, japonesa e de outros países.
Compuseram a mesa a vice-diretora da FDUSP, Ana Elisa Bechara, e Chiho Komuro, Cônsul-geral adjunta do Japão em São Paulo, ao lado de Ninomiya, Campilongo e Monaco.
Campilongo acrescentou a dedicação à carreira e à Faculdade. Citou passagens (muitas) como estudantes, quando Masato foi diretor de apostilas no Centro Acadêmico XI de Agosto, presidente da Academia de Letras, representante discente, dentre outros cargos na SanFran. E ressaltou as docências dentro e fora do país. “Uma vida dedicada à atividade acadêmica, com currículo infinitamente extenso. É de grande orgulho para a FDUSP ter um professor com essa envergadura”, assinalou.
Por sua vez, Monaco adicionou algumas passagens de Masato. “Abundantemente, trabalhou em prol dos estudos, dos colegas e do ensino do Direito Internacional”, afirmou. E acrescentou: “Para além da atividade de ensino, foi sempre um grande incentivador dos convênios de cooperação entre as universidades. Também na obtenção de doações para nossa instituição, sobretudo para a nossa Biblioteca, com obras que transmitem o conhecimento do direito internacional e do Direito Japonês”. Ressaltou ainda o fato ter recebido, em nome da faculdade, doação de 4.800 volumes do professor Eiichi Hoshino, para a Nova Biblioteca.
Komura leu a mensagem do Embaixador do Japão, Teiji Hayashi: “É com grande honra e satisfação que me dirijo para externar minha admiração por seus grandes esforços de cooperação jurídica entre Brasil e Japão. Tem sido um farol para muitos de nós; testemunho emblemático na formação de novas gerações de líderes”.
Ao conduzir sua aula “O Japão e as Arcadas”, Ninomiya traçou um paralelo histórico. Desde 1967, quando ingressou nas Arcadas, passando pelo CA XI de Agosto, ao início da carreira docente. Citou exemplos da ligação da cultura japonesa com a brasileira, como Kenro Shimomoto, primeiro advogado Nikkei, formado pela FDUSP, e primeiro juiz nikkei do TIT; bem como o primeiro docente japonês a visitar SanFran, em 1939: professor Kotaro Tanaka.
Realçou a doação de parte de acervo do professor Eiichi Hoshino (cerca de 4.800 volumes) pela viúva Mikako Hoshino, a ser entregue à nova Biblioteca da FDUSP, somada a diversas outras doações já realizadas. E finalizou com a visita do Príncipe Herdeiro Naruhito (hoje Imperador) à FDUSP, por ocasião do Centenário da Imigração Japonesa (2008), entre tantas visitas de autoridades, por ele recepcionadas no País.
Dedicação
Durante esses mais de 50 anos dedicados ao mundo jurídico ministrou (e ministra) aulas sobre “Direito Internacional Privado”, “Direito do Comércio Internacional”, “Relações Internacionais”, “Política Internacional”, “Direito Internacional do Trabalho” e outras disciplinas.
Registra também seus méritos na Advocacia, na vida pública, na diplomacia, e como dirigente de principais instituições japonesas do País, com funções no Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, no Centro de Informação e Apoio ao Trabalhador no Exterior, na Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), e demais.
O currículo engrandecedor é ratificado ainda como intérprete de, ao menos, sete presidentes da República, dois Imperadores japoneses, mais os primeiros ministros e os príncipes; além do Rei Pelé, tanto nas visitas de dirigentes do país oriental, feitas ao Brasil, quanto nas viagens para o Japão. Ou seja, somou em sua trajetória profissional como o mais respeitado tradutor nos idiomas português e japonês, bem como professor de Direito Internacional em renomadas universidades Japonesas, como as de Tóquio e Kyoto.
Entre outras honrarias, recebeu o título de Cidadão Paulistano, na Câmara Municipal de São Paulo.
