Edição: Kaco Bovi
Um pedido de licença às mulheres negras do Brasil marcou a fala do jurista e escritor Adilson Moreira no lançamento do livro “Mulheres, raça e Direito – Feminismo negro como política constitucional transformadora” (02/12), na Faculdade de Direito da USP. “Não procuro protagonismo, quero apenas contribuir para a luta. Eu terminei o meu doutorado com um propósito que era escrever essa leitura com temas que trouxessem o debate sobre justiça racial para o centro do constitucionalismo brasileiro, para o debate constitucional. Eu não tinha muita certeza ou ideia de como eu faria isso, mas as coisas, felizmente, foram acontecendo”, reforçou.
Na mesa composta pelo diretor da FDUSP, professor Celso Campilongo, e da professora Eunice Prudente, Direitos Humanos da SanFran, e virtualmente pela promotora de Justiça Livia Santana e pela ministra do Tribunal Superior Eleitoral Edilene Lôbo, o autor contou partes da construção da publicação
“Peço licença minha mãe, Efigênia Clara de Sousa Moreira, peço licença as minhas irmãs, Eloísa, Maria, Silva, Isabela, Valéria e Aline. Peço licença a Chiquinha Gonzaga, Dolores Duran e Dona Ivone Lara. Peço licença Maria Odila Teixeira, Iracema de Almeida e Maria Guimarães (...)”, citou Moreira entre vários nomes que foi delineando.
Campilongo ressaltou que Moreira é uma autoridade no tema das relações raciais, da questão racial no Brasil. “É uma alegria redobrada por participarmos do lançamento deste livro, juntamente com a professora Eunice Prudente, assim como o professor Adilson, referências no debate destes temas”, disse.
Falou também das transformações no curso nas teses de láurea, a partir do momento que a FDUSP passou a ter 50% do alunado cotista. “Os temas dessas dissertações mudam completamente, isso já é, por si só, um sinal importantíssimo dessa transformação”, observou.
O diretor aproveitou para relembrar o terrível fato ocorrido nos jogos jurídicos deste ano, com ofensas racistas e de aporofobias de estudantes da PUC-SP contra estudantes da FDUSP, em que as Faculdades de Direito da USP e da PUC-SP, bem como seus Centros Acadêmicos tomaram pronta atitude.
Por fim assinalou os passos para igualdade de gênero, de raça e dos direitos das mulheres, dos direitos dos negros no patamar constitucional. É algo na Universidade de São Paulo de uma importância crucial”, ressaltou.
Por sua fala, a professora Eunice Prudente destacou a honra de participar do lançamento de livro de tamanha importância. “É um momento de extrema importância poder debater e ampliar o tema. E essa obra traz o lugar de fala de todos nós. São livros como estes que nos ajudarão a trabalhar as questões mais aflitivas de nossa sociedade”, disse.
Livia destacou a importância da obra, envolvendo mulheres, raça, indivíduos, feminismo, homenagem, homologação constitucional para transformar o mundo. “Nós temos ainda no debate sobre o lugar de fala e essa preocupação está nessa obra, uma responsabilidade que seja realmente um lugar de fala”, disse.
Edilene Lôbo destacou a luta do povo brasileiro, que não é só de mulher negra, não é só de jovem negro, e sim de todas as pessoas, para transformar o país num lugar minimamente razoável para todo mundo viver. “A ideia é fazer com que a Constituição não se transforme em mareado de letras, de signos, de artigos com belas palavras, expressões, mas que se aplique na realidade do cotidiano de todos”, afirmou relatando os direitos previstos na Constituição.
Saiba mais sobre o livro: https://encurtador.com.br/TcAcJ
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