A quarta-feira (29/06) foi marcada por mais uma etapa de preservação do patrimônio da Faculdade de Direito da USP, com a inauguração oficial da Sala Conselheiro Crispiniano. Localizado no piso térreo do Prédio Histórico, o espaço foi totalmente renovado com a contribuição por meio do Programa “Adote uma Sala da SanFran”.
Coube à diversas Turmas, lideradas pelo advogado Ricardo Aprigliano, contribuírem para que uma das mais importantes e a mais antiga Academia de Direito do Brasil possa oferecer infraestrutura de ponta para todos. Dessa forma, estudantes, professores e servidores passaram a contar com uma sala dotada de infraestrutura e padrão de tecnologia.
Os diretores – professores Celso Fernandes Campilongo (diretor) e Ana Elisa Bechara (vice-diretora) – ressaltaram o significado de mais uma sala restaurada. Campilongo agradeceu em nome de Floriano de Azevedo Marques Neto (diretor 2018/fev-2022), que cuidou de todos os detalhes para tornar possível a reforma.
“Temos um enorme agradecimento a todos vocês e a todos os doadores, de uma forma geral, que ajudam a manter essa Faculdade sempre atualizada”, disse. O diretor adiantou que, no final do ano, será organizado um encontro, para entregar aos doadores (de todas as reformas) um certificado. “Assim, podemos agradecê-los e incentivar para que novas turmas se animem em contribuir com as reformas”, acrescentou.
Professor da Casa e um dos doadores, Virgílio Afonso da Silva (DES) ressaltou a importância dessa retribuição. “Sabemos das dificuldades enfrentadas no processo de restauração, pois essas – toda tombadas pelo patrimônio histórico – contam agora com infraestrutura adequada.”
Por sua fala, Aprigliano apontou a Faculdade de Direito da São Francisco como uma faculdade que preserva sua história e ao mesmo tempo oferece melhores condições de estrutura a seus alunos. “A imensa maioria das coisas que tenho foi a Faculdade que me ajudou a conquistar. Inclusive, minha fabulosa esposa”, afirmou.
Ignácio Poveda Velasco, também professor e presidente da Comissão de Relações Institucionais da SanFran, lembrou da época que foi aluno e frequentou a mesma sala Conselheiro Crispiniano. Também destacou a alegria de encontrar antigos alunos. “A gente anda pelo Brasil e, quando vê alguém dessa nossa escola, sente muito orgulho”, afirmou.
O antigo aluno Ricardo Zambo destacou as muitas lembranças da Faculdade. “Essa inauguração, mais do que nossas lembranças, se traduz em reencontrar vocês”, afirmou. E acrescentou: “Não consigo me ver não sendo um Franciscano”.
Ana Elisa Bechara acentuou aos presentes o “Espírito Franciscano”. E assinalou que as reformas da Velha Academia trazem muitos significados, acentuados pela importância de poder entregar uma estrutura adequadas aos novos alunos, especialmente os cotitas. “Há cinco anos começamos a mudar o perfil dessa escola. Hoje, temos 50% de alunos vulneráveis que contribuem para o engrandecimento da Faculdade. Para eles entregamos essas salas, para que possam estudar com toda infraestrutura que merecem”.
Laetitia d'Hanens ressaltou o ensino de excelência oferecido pela FDUSP, e pelo ensino público no Brasil. “Fui fazer minha pós no exterior e percebi que tudo que tinha aprendido aqui, não devia nada para quem estudava fora”, afirmou.
Entre os doadores a ex-juíza do Tribunal Corte Penal Internacional, Sylvia Steiner; e o jurista Flávio Tartuce.
Confira lista completa, com o nome de todos os doadores.
Do processo restaurativo
A restauração das salas é feita sem perder a identidade do Prédio Histórico. Dessa forma preserva todo patrimônio no trabalho de restauro de piso, lambris, pintura, atualização da iluminação, troca de forro, elétrica, áudio e visual.
Em uma visita à Sala, antes da liberação para uso, Ana Elisa Bechara e Marques Neto destacaram alguns dos pontos de curiosidade. Primeiro o fato de terem mantido as manivelas originais de abertura das janelas; segundo, que foi adotado o processo de Estratigrafia, em que são retiradas todas as camadas até chegar no substrato. Ou seja, da camada mais recente até a cor original.
Dessa forma, é possível identificar por quais alterações históricas a sala passou. Também é aplicada a técnica de prospecção exploratória, cuja função é identificar se há pinturas decorativas.
(Kaco Bovi)