O cuidado com a preservação do patrimônio histórico da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, aliado ao compromisso de preparar a instituição para o futuro, especialmente com a modernidade exigida pelos tempos atuais, são marcas evidentes na atual administração da instituição. Desde os primeiros momentos, em 2018, quando se notou necessária a implementação de reformas para a preservação do Prédio, a diretoria deu início aos trabalhos que levariam a FDUSP a alcançar importantes conquistas, não apenas para o zelo pessoal.
O reconhecimento dessa realização – de restaurar salas e demais ambientes, sem alterar estruturas, e sequer modificar os princípios de sua “pintura” – está marcado por algumas vitórias; dentre as quais o prêmio de menção honrosa “Boas práticas de preservação do Patrimônio Cultural”, concebido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU-SP), em 11 de dezembro último. O "Plano Diretor de Preservação da Faculdade de Direito no Largo São Francisco da Universidade de São Paulo" foi agraciado na Categoria 1, Projeto A1.
“O prêmio do CAU é o coroamento de todo um longo processo de cuidado com o Patrimônio Histórico das Arcadas”, ressalta o diretor da FDUSP, professor Floriano de Azevedo Marques Neto. Ele explica que foram muitas as dificuldades encontradas no caminho, especialmente por conta das críticas de alguns descrentes no projeto. “Quando iniciamos as reformas e recuperação do Edifício Histórico, fomos vítimas de alguns poucos que nos acusavam de desrespeitar nossas tradições”, assinala.
A caminhada longa deu resultado. Foram alguns anos de preparação, de contratação, com recursos obtidos por meio da Fundação Arcadas, instituição de apoio à SanFran, documentação e muitos diálogos com os órgãos responsáveis pela preservação histórica. Afinal, as Arcadas são patrimônio não só nacional, mas patrimônio de todos franciscanos. “A partir do diálogo franco e produtivo com os órgãos de proteção, chegamos à ideia de desenvolver um Plano Diretor, com uma visão muito além de apenas estabelecer a adequada combinação entre recuperação, preservação e modernização”, acrescenta Azevedo Marques.
O Plano permitiu gerenciar as reformas em curso, bem como desenvolver diretrizes e providências a serem adotadas para o futuro. Servirá, portanto, de guia completo aos diretores e diretoras da Faculdade que assumirem o comando da mais antiga e principal instituição de ensino jurídico do país, cujo Prédio Histórico conta por si a história do país, dos estados e dos municípios brasileiros.
Um “book” traz todo o processo de recuperação. Ou seja, os dirigentes futuros que precisarem fazer qualquer melhoria no prédio terão em mãos, por exemplo, desde detalhes de pigmentação das paredes até o processo de climatização. Da mesma forma, o conhecimento das instalações, dos cabeamentos e de quaisquer outras particularidades estruturais. “Qualquer alteração que precise ser feita permitirá que as pessoas envolvidas tenham conhecimento, por exemplo, de pigmentação e texturas das paredes”, exemplifica.
O projeto foi pensado e executado dentro dos mínimos detalhes, dando uniformidade às intervenções feitas. São vários os tipos de obras que podem ser identificadas, desde de manutenção e de conservação, até as de restauro de ambientes originais, de elementos arquitetônicos, de mobiliário, obras de arte.
O Plano se estende à infraestrutura, ao cuidado com a cobertura, com calhas, bem como nas adaptações de alguns espaços para novas tecnologias, deixando os locais preparados para o uso no presente e no futuro.
Conforme assinala Azevedo Marques, o recebimento da menção por “Boas práticas de preservação do Patrimônio Cultural” trata-se de uma premiação aos arquitetos responsáveis – Márcio Coelho e Ana Ditolvo – ao mesmo tempo que premia todo o projeto de modernização da SanFran, desenvolvido ao longo dos últimos quatro anos. E, acima de tudo, trata-se de “um prêmio para a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e todos aqueles alunos, antigos alunos e futuros alunos. E a maior vitória a ser registrada é que o Plano não foi feito para ser premiado, mas acabou sendo”.