Evento em comemoração ao Dia da Indústria, no Banco Nacional de Desenvolvimento Social, a professora Patrícia Iglecias, Departamento de Direito Civil da Faculdade de Direito da USP e superintendente de Gestão Ambiental, ressaltou a necessidade da descarbonização da indústria e as alternativas a partir da implementação de um modelo de circularidade na economia. O encontro “Nova Indústria Brasil” contou com representantes do governo, da indústria e da academia. Dentre os quais, falaram o vice-presidente Geraldo Alckmin, e os ministros Gleisi Hoffman (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda), antigo aluno da FDUSP.
No evento, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, anunciou a ampliação do orçamento da instituição voltado à indústria. A meta de crédito, inicialmente fixada em R$ 259 bilhões até 2026, foi elevada para R$ 300 bilhões — um acréscimo de R$ 41 bilhões.
De acordo com Patricia, a questão da descarbonização não é somente um imperativo climático. “E um ponto importante, porque estamos recebendo a COP-30. Mas o ponto principal é que a descarbonização é uma vantagem competitiva, é uma exigência de mercado e é um motor de inovação para o nosso País”, disse.
De acordo com a docente, a indústria responde por aproximadamente 20% das emissões globais de gases de efeito estufa no Brasil e o setor industrial representa cerca de 16% das emissões diretas. “Os dados e as pesquisas têm mostrado que o custo da inação pode representar até 4% do PIB mundial, por volta do ano de 2050”, disse.
A docente alertou para vários riscos, como desabastecimento, segurança alimentar, das penalizações comerciais e a própria perda de investimentos. Por outro lado, ela observou que há benefícios dessa transição que precisam ser vistos: “A Agência Internacional de Energia estima que a descarbonização pode gerar mais de 35 milhões de empregos globais até 2030. Ou seja, existe um espaço de crescimento com a descarbonização”, acrescentou.
Para Patrícia há várias oportunidades ligadas à própria economia circular que podem ultrapassar 4.5 trilhões até 2030. “Nós temos desafios que devem ser enfrentados por setores. Primeiro, o setor de metalurgia e cimento que representa uma emissão bastante significativa e, ao mesmo tempo que não será diretamente reduzida, mas que pode receber processos de adaptação. No caso do Estado de São Paulo, nós fazemos o acompanhamento pela CETESB das emissões há bastante tempo para ter esses dados e pensar nos próximos passos”, acrescentou.
Outro ponto que julga importante as compensações ambientais, com rastreabilidade, com integridade. “Hoje, a academia não pesquisa mais em teoria. Busca soluções para o setor público e para o setor privado”.”
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