Edição: Kaco Bovi
Duas das obras que fazem parte do acervo da Faculdade de Direito da USP estão passando por processo de análise. O objetivo é estudar em detalhes as pinturas, os artistas que as produziram e, ao mesmo tempo, tentar identificar os materiais presentes e os pigmentos que foram utilizados. Da mesma forma, identificar pontos de restauro e intervenções que tenham acontecido.
A iniciativa, que envolve projeto de pesquisa, está sendo realizada em conjunto pelo Museu da FDUSP, presidido pela professora Ivette Senise Ferreira, que tem na coordenação dos trabalhos a docente Heloisa Barbuy; e a equipe de análises físico-químicas (IFUSP), coordenada pela professora Márcia Rizzutto, com Juliana Bittencour Bovolenta, Julia Schenatto.
A parte histórica está sendo analisada pela mestranda Tatiane Gomes da Silva, que centra sua tese nas obras da São Francisco e em paralelo está preparando um livro acerca do acervo, e Igor Tostes Fiorezzi.
Para o diretor da FDUSP, Celso Fernandes Campilongo, e a vice-diretora, Ana Elisa Liberatore Bechara, que foram conferir o trabalho, trata-se de momento importante para a instituição e para os pesquisadores. “A maioria das faculdades ou universidades brasileiras não tem acervo de obras tão significativo como a que temos na SanFran”, diz, assinalando a pesquisa longa sobre os retratos mais antigos da faculdade pelo Museu.
As duas pinturas do momento são “Gabriel Rodrigues dos Santos”, do franco-brasileiro Claude Joseph Barandier, que chegou ao Brasil em 1838; e “José Bonifácio, o moço”, do ítalo-brasileiro Ângelo Agostini, que desembarcou em São Paulo em 1859.
“Pretendemos identificar os pigmentos, as paletas cromáticas do artistas por meio de caracterizações dos elementos químicos presentes nos pigmentos e os pigmentos, os compostos ali utilizados”, informa Márcia Rizzutto
Na execução do processo são feitos registros fotográficos com diferentes faixas espectrais, com análises diferentes (luzes infravermelho, ultravioleta, invisível e demais), para que a somatória dessas informações permitam identificar o estado de conservação da obra, o processo criativo do artista. “Até mesmo se ele se arrependeu, se fez uma gola diferente; se fez uma determinada luz e depois mudou; bem como a posição de algum dedo ou mesmo se modificou a posição de uma mão”, conta a coordenadora.
De acordo com os envolvidos no projeto, são técnicas que permitem olhar do artista, uma oportunidade única de estudar essas obras raras, pinturas de tamanha importância do período histórico, que abarca o final do século XIX e começo do XX. “É muito importante essa documentação, esse conhecimento sobre essas obras.”.
Outros pontos relevantes estão no fato de, quanto mais conhecidas as obras e os artistas, mais se aprende sobre eles e é salvaguardado o patrimônio. Isso torna, portanto, um somatório de informações que permitem fazer correlação no processo de conservação de restauro, ou mesmo no futuro, sobre possíveis questionamentos de autenticidade de alguma outra obra. “É esse nosso objetivo estudando essa coleção da Faculdade de Direito”, acrescentam.