Ao longo de três dias a Faculdade de Direito da USP abrigou discussões em torno do autismo, culminando com o Dia Mundial de Conscientização do Autismo (02/04). As mesas foram compostas por especialistas nacionais e estrangeiros que debateram temas em busca de inclusão no mercado de trabalho e educacional, com eixos como Direito, justiça e equidade.
Um dos elementos básicos, Educação esteve presente na maioria dos painéis. Durante o “II Simpósio Internacional de Inclusão no Ensino Superior: O Direito à Diferença”, os painelistas buscaram deixar claro, por exemplo, por qual motivo as universidades devem ser inclusivas, destacando que, principalmente, dentro das salas de aulas o papel dos professores é fundamental. Eles podem ajudar a quebrar barreiras e fazer com os autistas não desistam.
Também esteve em evidência a importância das universidades como canal de empoderamento para ajudar a promover oportunidades de emprego, crescimento pessoal, acadêmico e social. Recheadas de dicas para o sucesso foram apresentadas questões ainda de autoconscientização, aceitar a deficiência e acreditar em si próprios.
O presidente da Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas, Guilherme de Almeida, acentuou que uma grande barreira para o ingresso no ensino superior é o vestibular. “Ele não tem sentido nem para os alunos típicos, ousem alguma deficiência, que não tem potencial de avaliação para essas pessoas, e muito menos para pessoas atípicas, porque as formas de inteligência, as formas de processamentos de informações, especialmente de pessoas neurodiversas, é diferente do modelo que foi pensado para o vestibular”, disse.
No encerramento dos trabalhos a Faculdade de Direito da USP recebeu o “Selo de Comprometimento com a Inclusão ‘Todos nós’”. O vice-presidente da associação, Silvano Furtado da Costa Silva, ressaltou o significado do evento. “A implementação da política pedagógica, aqui na faculdade, é um marco, um dos motivadores que fizeram com que realizássemos o evento nesse espaço”, disse.
Um pouco do processo realizado na FDUSP foi relatado pela vice-diretora da instituição, professora Ana Elisa Liberatore Bechara, que compôs a mesa ao lado do diretor Celso Fernandes Campilongo. “A gente tem sido reconhecido pelo pioneirismo no estabelecimento de um regramento especial para avalição das alunas e dos alunos neurodivergentes (pessoas que têm um desenvolvimento ou funcionamento neurológico diferente do padrão esperado pela sociedade em geral)”, disse.
A docente acrescentou que pelas características pessoais esses estudantes tinham dificuldade de se submeterem a um sistema massificado de avaliação que não levavam em conta algumas questões sobre diversidade. “Determinadas alunas ou alunos, que têm excelência reconhecidíssima, não têm como realizar, por exemplo, uma avalição oral”, exemplificou.
Por sua vez, Campilongo ressaltou que a Faculdade está passando por um período muito auspicioso. “Tivemos uma reunião com medidas que apontam direção da inclusão”. Quanto mais inclusiva for a Faculdade de Direito, maior é sua necessidade de que seja multicultural, que seja aberta a toda diversidade possível. Isso significa algo absolutamente essencial da perspectiva do Direito Contemporâneo”, assinalou.
O Selo "Todos Nós" é uma certificação que atesta o comprometimento das instituições com a promoção da inclusão de pessoas com deficiência e condições como o autismo. Para receber a certificação, as instituições precisam atender a uma série de requisitos e critérios relacionados à acessibilidade física, digital e de comunicação e, sobretudo, fomentar a inclusão em sua cultura organizacional e em suas políticas internas.
Por fim, Silvano Furtado (aluno da FDUSP) e Arthur Ataide Ferreira Garcia (estudante da Unimes) foram homenageados pelas lideranças de suas instituições de ensino pelo protagonismo que exerceram na luta pela criação de políticas inclusivas.
Confira as transmissões do evento. Discuta, compartilhe: https://bit.ly/40AmXwT
Edição: Kaco Bovi
#fdusp #direitousp #autistasbrasil #autismo #inclusao