Em entrevista ao Projeto Memórias, parceria entre a Fundação Arcadas e FDUSP, ex-diretor conta os passos de sua trajetória
Nos últimos anos a Faculdade de Direito da USP carrega referências que a mantiveram como uma instituição de ponta ensino do Direito no País. E muito dessa história recente traz o nome de José Rogério Cruz e Tucci. Professor referência no Direito Processual Civil, respeitado pelos alunos e por seus, diretor que incentivou e criou programas de preservação histórica como o Adote uma Sala, tem também em seu currículo a excelência de ser um dos advogados ponto de referência para a comunidade jurídica brasileira na análise e interpretação do Código de Processo Civil 2015.
Suas obras e artigos são amplamente utilizados por estudantes, advogados e magistrados que buscam conhecimento aprofundado do CPC e suas implicações práticas. Isso tudo sem falar na sua contribuindo para a formação e atualização dos profissionais do direito.
Hoje professor sênior da SanFran, Tucci é entrevistado no Projeto Memórias, uma parceria da Fundação Arcadas com a Faculdade de Direito da USP, que busca preservar visualmente a história da Instituição por meio do depoimento de seus professores sêniores, que ajudaram (e ajudam) a alicerçar seu destaque no cenário jurídico-acadêmico.
No bate-papo com o docente Heitor Vitor Mendonça Sica, Tucci falou do início da vida acadêmica, dos trabalhos na Advocacia, da Faculdade e do período na diretoria da FDUSP.
Diretor na gestão 2014/2018, Tucci ressaltou ter passado boa parte de sua vida na Faculdade, instituição que continua a frequentar. “Fico feliz por ter recebido esse convite (para dar essa entrevista) que acaba sendo importante até para a história da faculdade. Colher essa memória, que não temos do passado, ficará permanente, não é efêmera”, assinalou.
Tucci contou da influência de seu pai, Rogério Lauria Tucci (professor titular na FDUSP), para a carreira no Direito, e lembrou de seus laços com a cidade d Mogi Mirim. Falou de abnegação nos estudos, tanto na Graduação quanto nas Pós-Graduação, lembrando de seus professores e orientadores.
Sobre os livros que escreveu, assinalou a obra “Sobre a causa de pedir”, onde disse ter tido forte influência de José Ignácio Botelho. “Sempre descobrimos coisas novas no estudo. E esse foi importante”, acrescentou
Acerca da questão da arbitragem ressaltou a técnica de guerrilha existente. E disse que é preciso haver um equilíbrio uma flexibilização para as discussões dos casos, a marcação das audiências.
Fez um resumo dos quase cinquenta anos de exercício da Advocacia e do período de docência. Adiante, reforçou a responsabilidade de estar na direção da principal Faculdade de Direito do Brasil e da América Latina. “Foi uma sensação incrível. Passei mais tempo aqui, na época, do que na minha própria casa. E no marco temporal, mais tempo aqui do que em qualquer outro lugar, acrescentou, sobre o período de diretor.
Rememorou que, quando assumiu a direção, pegou um período de muitas discussões e questionamentos. “Saía na imprensa, desabonando a instituição, e consegui fazer muitas coisas administrativas. Foram algumas fundamentais: primeiro, a de estabelecer um diálogo permanente entre professores, que eventualmente estavam vivendo em atrito”.
Outro ponto em destaque é o sistema de cotas. “É importante para a universidade”, disse, lembrando do tempo que integrou o Conselho Universitário.
O docente e ex-diretor atentou ainda para significado do Direito Processual para a humanidade. “O processo retrata o drama da vida. E há uma exigência natural de que cada parte esteja representado por um profissional. Não devemos, com isso, tratar num nível que possa comprometer o coleguismo. Isso a gente aprende na Faculdade, depois replica na atividade profissional. Assim, também, a relação entre professor e aluno deve ser de amizade, de confiança e respeito mútuo”, acrescentou.
Assista, reverbere: https://youtu.be/J16-84xILi8?si=vv6R3BQMVMtPf0yH
Edição: Kaco Bovi
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Projeto Memórias
O Projeto Memórias foi concebido em 2024 como uma parceria entre a Faculdade de Direito da USP e a Fundação Arcadas visando a preservar visualmente a história da Instituição por meio do depoimento de seus professores sêniores, que ajudaram no passado recente a alicerçar seu destaque no cenário jurídico-acadêmico, o que ocorre ao longo de quase dois séculos. O Projeto buscou também preservar certo grau de intergeracionalidade por intermédio dos entrevistadores, predominantemente docentes que hoje se encontram em plena atividade acadêmica.
O foco é conhecer melhor a relação de cada um desses docentes com a Faculdade, seja enquanto aluno, caso tenha sido, seja como professor de destaque dos cursos de Graduação e Pós-Graduação ministrados, e como gestor da Instituição, se isso tiver ocorrido. Por meio de seu depoimento busca-se identificar como era o ambiente acadêmico de sua época de aluno ou de docente, seus relacionamentos com os demais componentes da Faculdade, alunos, servidores e demais professores, e as relações pessoais daí decorrentes.
Os depoimentos dos docentes permitirão que a sociedade conheça um pouco mais da história recente desta Faculdade, que possui o destaque ímpar de ter tido dentre seus alunos 13 presidentes da República, o que é um legado à história brasileira. Além disso, muitas das teorias jurídicas disseminadas no Brasil tiveram sua gênese nesta vetusta Academia, várias delas criadas ou veiculadas pelos docentes que fazem parte do Projeto.
Por meio desta iniciativa, a Diretoria da Faculdade de Direito e a Diretoria da Fundação Arcadas buscam recuperar e preservar parte da recente memória jurídico-acadêmica nacional.
Diretoria da FDUSP
Celso Campilongo
Ana Elisa Bechara
Diretor-Executivo da Fundação Arcadas
Fernando Facury Scaff
