Pesquisa da tese desenvolvida pelo professor Carlos Portugal Gouvêa, Direito Comercial da Faculdade de Direito da USP, aponta que a chance de uma pessoa branca ocupar empregos mais bem remunerados no Brasil é 58 vezes maior em comparação às pessoas pretas e pardas. Os dados foram estão em matéria no Jornal “Valor Econômico”, que buscou números relativos aos diversos problemas enfrentados no Brasil, tendo entre as questões abordadas a política de cotas que está perto de completar dez anos de implantação.
Ou seja, a constatação ratifica vários os índices de desigualdades no país, que apontam números alarmantes, por exemplo, com relação ao desemprego e ao acesso aos estudos.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), do IBGE, demonstram que a taxa de informalidade também é maior para negros (com 52,9% para pardos e 49,4% para pretos) do que para brancos (43,8%).
Alta cúpula
O levantamento realizado por Gouvêa (entre janeiro e maio de 2021) investigou o perfil racial da alta cúpula de empresas. Foram pesquisadas 442 companhias e 3.561 cargos.
Em uma primeira etapa, foram identificados sete potenciais conselheiros negros e 28 pardos. Entre CFOs e CEOs, um diretor poderia ser considerado negro. Entre os pardos, três diretores-presidentes e um CFO. Na segunda, os dados foram enviados para validação das próprias empresas e 69 delas retornaram. Nesse novo conjunto, com 727 cargos, apontou que 712 eram ocupados por pessoas brancas.
“Precisamos de percentuais muito maiores para que os números se tornem representativos”, disse Gouvêa à reportagem do Valor. De acordo com ele, se a diversidade racial continuar baixa, corre-se o risco de “tokenismo”, termo empregado quando ocorre inclusão simbólica com o objetivo de fazer concessões superficiais a grupos minoritários.
Portugal Gouvêa alerta que este descompasso entre quem tem o poder decisório nas companhias e o resto da sociedade pode ser perigoso para as empresas.