Referência na defesa da Democracia e dos Direitos Humanos, ministro da Justiça no Governo Fernando Henrique Cardoso, morreu neste domingo (03/09), José Gregori, aos 92 anos. Internado há mais de dois meses, o ex-secretário Nacional de Direitos Humanos teve complicações por conta de uma pneumonia.
A Faculdade de Direito da USP lamenta a perda de seu Antigo Aluno, que esteve presente nos momentos mais importantes de defesa da democracia brasileira. Participou ativamente da “Carta aos Brasileiros” de 1977; e da “Cartas às Brasileiras e aos Brasileiros de 2022”, documentos que entraram para a história como marcos de luta pela democracia nacional.
“É uma perda irreparável para os direitos humanos e o Estado Democrático. Lutou sempre pelos ideais da humanidade, especialmente nos momentos que o país se viu atacado nos direitos constitucionais e nas legislações”, disse Celso Campilongo, diretor da FDUSP.
Campilongo recordou que, na Carta de 1977, no Pátio das Arcadas, Gregor fez o discurso que precedeu o de Goffredo da Silva Telles Jr. durante "Carta aos Brasileiros" e que não esteve presente no almoço do XI de Agosto – ocasião que foi homenageado pelo Diretor –, em 12 de agosto de 2023, por estar com a saúde debilitada.
Membro fundador da Comissão Arns, grupo criado em 2019 para monitorar violações de direitos humanos, foi reconhecido como uma voz no enfrentamento à ditadura militar (1964-1985). O velório ocorre nesta segunda-feira (4/8), das 8h às 14h, no Funeral Home, no bairro da Bela Vista (região central).
"Meu pai foi uma pessoa pública que defendeu a democracia, a dignidade da pessoa humana, lutando por um Brasil democrático, justo e solidário", disse Maria Stella Gregori, uma de suas três filhas.
Entre tantas contribuições, Gregori é autor da Lei das Indenizações, que se soma à Lei da Anistia, ocasião que o levou a afirmar: “Indenizar a família do Marighella com a ditadura, reconhecer que ele morreu na mão do Estado, acho que não é pouca coisa”.
Sobre os assombros de ataques aos direitos, Gregori dizia que o Brasil tem uma direita muito preparada e ativa. “Temos de ter uma contra direita igualmente preparada e ativa”, afirmou em determinada ocasião.
Quando da Carta de 2022, relembrou que todos os militantes que resistiram à ditadura que se implantou no Brasil, no regime militar, trabalharam e apreciaram a “Carta aos Brasileiros”, à época lida pelo professor da SanFran Goffredo da Silva Telles Júnior. “Porque ela tinha uma raiz técnica importante, porque vinha de um dos juristas mais respeitados do Brasil, que tinha uma trajetória”, disse, em entrevista à FDUSP.
Ao destacar os dois momentos históricos, acentuou que não pode haver estado democrático de direito que não respeite os direitos humanos. “Uma Nação, como a brasileira, tem de andar para frente. Não pode andar de lado, porque é perda de tempo no século XXI”.”
Confira vídeo completo: https://youtu.be/ke7Ddqw7cA4
Edição: Kaco Bovi
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