Durante o bate-papo com o professor José Simão, a docente fala sobre a escolha pelo Direito, os anos na Faculdade e o futuro
Referência no estudo de Direito Civil, autora de diversas obras sobre a matéria que caminham desde comentário ao Código Civil à evolução da sociedade civil, a Professora Teresa Ancona Lopez, Departamento de Direito Civil da Faculdade de Direito da USP, é entrevistada no Projeto Memórias (uma parceria entre a Fundação Arcadas e a FDUSP). No bate-papo com o docente José Fernando Simão (DCV-FDUSP, que foi orientado por ela no mestrado e no doutorado), a docente sênior, com aulas ministradas como orientadora na pós-graduação, fala sobre a escolha pelo Direito, a relação com a Faculdade e os projetos para o futuro.
Firme em seus propósitos, assinala que a força e a perseverança devem ser primordiais na vida das pessoas, sempre com muita resiliência. “A gente não deve desistir nunca”.”
Defendeu o ensino e a cultura como fundamentais para o progresso do Brasil. “A cultura geral é significativa. E dá muito mais dinamismo às aulas”.”
Em livro que homenageou a entrevistada, os organizadores deixaram claro: “é imperioso esclarecer que, em termos de bases teóricas, a responsabilidade civil não seria o que é, no Brasil, sem os estudos de Teresa Ancona Lopez”, escreveu Simão.
Graduada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), em 1964, especializou-se em Direito pela FDUSP em 1967, com um trabalho sobre alienação fiduciária, e começou a lecionar na instituição em 1974. Fez doutorado direto também na FDUSP em 1979, com a tese “O Dano Estético à Pessoa: Sua Reparação Civil”, orientada pelo professor Silvio Rodrigues, que já havia auxiliado a docente durante a especialização.
Ancona fez livre-docência veio em 2001 e tornou-se professora titular de Direito Civil da FDUSP em 2008, mesmo ano em que se alçou à chefia do Departamento de Direito Civil da faculdade, cargo que ocupou até 2011.
Além de advogada, parecerista e árbitra, especialista em responsabilidade civil, contratos e direito do consumidor, a professora ocupa desde 2018 a cadeira de número 42 da Academia Paulista de Letras Jurídicas (APLJ). Teresa é também membro do conselho jurídico da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura (Cibcia) e atua no Instituto de Direito Privado (IDP).
Entre os livros que escreveu estão “Princípio da Precaução e Evolução da Responsabilidade Civil”; “Nexo Casual e Produtos Potencialmente Nocivos. A Experiência Brasileira do Tabaco”; “O Dano Estético: Responsabilidade Civil”; “Comentários ao Código Civil”; “Sociedade de Risco e Direito Privado: Desafios Normativos, Consumeristas e Ambientais” e demais.
Durante a entrevista, Ancona falou sobre escolha pelo Direito, influenciada pelo tio (irmão do pai, que era advogado) e pela prima, mais velha que ela, que também cursou a Faculdade de Direito do Largo São Francisco. “Nem meu pai, nem minha mãe eram da área jurídica”, afirmou.
Sobre ter ingressado direto no doutorado, disse: “alguém falou ‘você tem de fazer doutorado direto e fiz. Tinha de escolher um orientador. Como fui fazer Direito Civil, comecei com Silvio Antônio Chaves”, afirmou, observando que tinha conversado e estudado com alguns professores antes, como Antonio Junqueira
Lembrou de quando ingressou na carreira de professora por concurso público. Antes disso, ministrava aulas por contrato. “Antes, tinha uns contratos. Entrei na carreira em 1975”.”
Em alguns dos pontos relatou que a Faculdade tem de cumprir seu papel junto à sociedade, com o respeito que ela merece. Disse ter tomado um susto quando, em um evento, perguntaram quem da plateia usava ChatGPT e todos levantaram a mão. Questionada sobre sua preocupação quanto ao uso, ressaltou: “o que me preocupa é que (os alunos) estão estudando superficialmente. Ninguém está se profundando em nada, porque você abre a internet e tem lá umas ideias”.
Assista, compartilhe: https://www.youtube.com/watch?v=afjSOjHWqxQ
Edição: Kaco Bovi
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Projeto Memórias
O Projeto Memórias foi concebido em 2024 como uma parceria entre a Faculdade de Direito da USP e a Fundação Arcadas visando a preservar visualmente a história da Instituição por meio do depoimento de seus professores sêniores, que ajudaram no passado recente a alicerçar seu destaque no cenário jurídico-acadêmico, o que ocorre ao longo de quase dois séculos. O Projeto buscou também preservar certo grau de intergeracionalidade por intermédio dos entrevistadores, predominantemente docentes que hoje se encontram em plena atividade acadêmica.
O foco é conhecer melhor a relação de cada um desses docentes com a Faculdade, seja enquanto aluno, caso tenha sido, seja como professor de destaque dos cursos de Graduação e Pós-Graduação ministrados, e como gestor da Instituição, se isso tiver ocorrido. Por meio de seu depoimento busca-se identificar como era o ambiente acadêmico de sua época de aluno ou de docente, seus relacionamentos com os demais componentes da Faculdade, alunos, servidores e demais professores, e as relações pessoais daí decorrentes.
Os depoimentos dos docentes permitirão que a sociedade conheça um pouco mais da história recente desta Faculdade, que possui o destaque ímpar de ter tido dentre seus alunos 13 presidentes da República, o que é um legado à história brasileira. Além disso, muitas das teorias jurídicas disseminadas no Brasil tiveram sua gênese nesta vetusta Academia, várias delas criadas ou veiculadas pelos docentes que fazem parte do Projeto.
Por meio desta iniciativa, a Diretoria da Faculdade de Direito e a Diretoria da Fundação Arcadas buscam recuperar e preservar parte da recente memória jurídico-acadêmica nacional.
Diretoria da FDUSP
Celso Campilongo
Ana Elisa Bechara
Diretor-Executivo da Fundação Arcadas
Fernando Facury Scaff