Foram referendadas as docentes Fernanda Dias Menezes de Almeida, Anna Cândida da Cunha Ferraz e Monica Herman Caggiano, bem como lembradas docentes que fizeram e fazem história na academia
Edição: Kaco Bovi
Símbolos do Direito Constitucional Brasileiro, as professoras Fernanda Dias Menezes de Almeida, Anna Cândida da Cunha Ferraz e Monica Herman Caggiano foram homenageadas em cerimônia realizada na Sala da Congregação da Faculdade de Direito da USP (31/10). Os representantes das docentes, que não puderam comparecer, receberam uma placa representativa para marcar “simbolicamente” tudo elas representam e representaram para a sociedade brasileira, para a Academia e para o sistema de Justiça.
Na mesa, a diretora eleita da FDUSP, Ana Elisa Bechara, a presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, Julia Wong, o professor Manoel Gonçalves Ferreira Filho, ex-diretor da SanFran, que fez a proposta e deu andamento ao projeto, o presidente da Associação dos Antigos Alunos da SanFran, Rui Caminha, responsável para tornar a homenagem possível; e o docente Elival Ramos, chefe do Departamento de Direito do Estado, que conduziu os trabalhos.
“Que feliz é a Casa e a comunidade que sabem reconhecer e prestigiar os seus membros”, disse Ana Elisa. A docente lembrou que a Faculdade está prestes a completar 200 anos (em 2027) e que não é possível comemorar o bicentenário sem compreender o próprio espírito da instituição. “Sem compreender o nosso espírito, a gente não consegue projetar o nosso futuro”.”
Ana Elisa assinalou ainda a importância de honrar todas as docentes e professores que contribuem constantemente para o engrandecimento acadêmico. “E hoje temos essa oportunidade única, que foi uma iniciativa muito feliz do professor Manoel, logo abraçada pela Associação dos Antigos Alunos, que é de homenagear essas três docentes mulheres, que foram minhas professoras, pioneiras na academia e pioneiras na contribuição que prestaram para a sociedade”, afirmou. “Estou falando aqui de mulheres que alcançaram esse mérito apesar de serem mulheres”.
A diretora eleita reforçou que a diversidade é a maior riqueza de um país: diversidade de gênero, étnico-racial, de origem e de crença. “Essa homenagem destacada, é histórica nessa casa. Que venham muito mais homenagens, elas são importantes para que a gente possa entender onde estamos e onde queremos chegar”.”
Manoel Gonçalves acentuou as contribuições das docentes para a formação jurídica do país. Ele acrescentou nomes que ajudaram na construção dos trabalhos institucionais, como Ada Pellegrini Grinover e Ana Maria Martins, que não eram constitucionalistas. Fez menção especial à Esther de Figueiredo Ferraz, primeira professora da Faculdade.
O ex-diretor recordou que, em 1957, ano de sua formatura, houve uma depredação do departamento feminino da faculdade. “O machismo imperava, e as mulheres não iam ao CA XI de Agosto”, disse. Manoel Ferreira adicionou ainda que, quando o diretor criou uma sala para as professoras, foi destruída. ‘Isso marcou profundamente a minha turma”. E adicionou: Embora exista muito machismo, a Faculdade dá aqui um grande passo no sentido de mudar essa história”.
Elival relatou que o contato entre as três professoras e ele sempre foi muito estreito. “No caso da professora Ana Candida, por exemplo, foi minha professora de Direito Constitucional, foi a primeira procuradora-geral do Estado e, recentemente, recebeu uma homenagem”, disse. Relatou o histórico do departamento e destacou o papel das professoras Fernanda Menezes e Monica Herman, “precursora do Direito Eleitoral Brasileiro”.
Julia Wong parabenizou a iniciativa. “Esse é mais um reflexo de como a Faculdade tem mudado e tem compreendido que é necessário resgatar a memória das mulheres. O primeiro grande indicativo dessa mudança é a concretização da galeria das professoras, muito pelo esforço das professoras Ana Elisa e Nina Ranieri”.”
Caminha cumprimentou a todos e relatou que o motivo do encontro é o mais nobre tributo que um aluno pode oferecer a seus professores: e aqui todos somos alunos. “o triunfo que prestamos é uma homenagem justa e necessária de reconhecimento pela excelência de três professoras que formaram gerações de juristas e contribuíram para formação crítica do Direito Constitucional Brasileiro. Todos enxergam algo de especial no ofício do Magistério. Para mim, é a esperança. Todo professor e toda professora parecem acreditar que é preciso mudar, e que todos merecem uma oportunidade. Nesse ofício de fé, os professores levam adiante o que há de melhor na humanidade.”
A transmissão pode ser conferida no Instagram da Faculdade.
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