Restauração foi feita pelo Programa Adote uma Sala da SanFran, por meio de doação da CAM-CCBC
Inaugurada nesta quinta-feira (26/05), a Sala do Júri da Faculdade de Direito da USP, no piso térreo do Prédio Histórico, é o primeiro espaço da instituição dedicado exclusivamente à realização de júri e arbitragem. Totalmente renovado, o local foi restaurado por meio do Programa Adote uma Sala da SanFran, com doação feita pelo Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CAM-CCBC).
Para o professor Floriano de Azevedo Marques Neto (diretor na gestão 2018/2022, no período que os trabalhos foram executados), os mais de anos três para chegar à inauguração trazem um sentimento ímpar. Em sua fala, contou das dificuldades enfrentadas. Entre os quais um embargo feito pelo Condephaat. “Ver esse sonho realizado, depois de momentos difíceis, é muito significativo”, disse. E acrescentou: “Foi um aprendizado, que exigiu resiliencia e uma ampla capacidade de dialogar. Esse momento, portanto, coroa o sucesso de um projeto, do Programa Adote uma Sala”.
Para além do esforço empreendido, ressaltou a alegria de poder ver os doadores contentes em ter seus nomes grafados na entrada dos espaços reformados. “Os doadores leem seus nomes e se emocionam”, disse. E, para a atual diretoria – Celso Campilongo (diretor) e Ana Elisa Bechara (vice-diretora), acentuou o legado deixado por outras doações já feitas, que as obras estarão por iniciar.
Na mesma linha, a presidente do CAM-CCBC, Eleonora Coelho, realçou a importância de poder contribuir para a Academia pela qual se formou. “Esse espaço não apenas representa o sentimento de poder contribuir com essa faculdade, mas está alinhada ao propósito de contribuir com a formação dos estudantes que aqui estão e os que virão”, afirmou.
Ana Elisa Bechara assinalou o incrível cuidado que o Adote uma Sala tem para com a preservação desse patrimônio histórico de São Paulo que é o Prédio da SanFran. “Um dos sinônimos dados a ‘Velha e sempre nova Academia de Direito’ nunca fez tanto sentido como hoje”, afirmou. Acentuou o significado da sala para os grupos de extensão, especialmente os que participam das disputas nacionais e internacionais, e o fato de ser a primeira voltada para a atividade de arbitragem e julgamentos simulados. Ressaltou ainda a ajuda desses espaços reformados para a diversidade trazida à Faculdade com a adoção do sistema de cotas (atualmente, 50% dos alunos ingressaram como cotistas). “É incrível como eles vão longe quando damos ferramentas adequadas”, adicionou.
Paula Forgioni ressaltou a emoção do trabalho realizado para a modernização da Academia. “Essa sala representa a certeza de querermos o melhor para essa escola”, assinalou, acrescentando que a iniciativa do programa Adote uma Sala se transformou em modelo para a Universidade de São Paulo.
Carmona lembrou o trabalho realizado para tornar o projeto Adote uma Sala possível, iniciado na gestão do diretor José Rogério Cruz e Tucci e continuado por Azevedo Marques e pela atual diretoria. “Após esses primeiros passos e as dificuldades vencidas, foi uma grande vitória, para chegar até aqui”, disse. E ressaltou o significado de poder fazer essas parcerias, como a da CAM-CCBC.
A procuradora Cristiana Conde Faldini, por sua vez, acentuou a gestão feita, pelos envolvidos na iniciativa, à preservação do patrimônio público. “Serve de modelo”.
A cerimônia foi prestigiada pelo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Ricardo Mair Anafe, entre outras autoridades. Esteve presente os professores Tucci, Miguel Reale Junior, Luciano Anderson de Souza, Eneas Matos, Francisco Marino, Sheila Neder Cerezetti, entre outros.
Preservação histórica
Pelo fato de o Prédio ser tombado pelos órgãos de preservação do Patrimônio Cultural e Histórico, a renovação dos locais exige trabalho de restauração tanto do ambiente quanto dos equipamentos, o que leva um pouco mais de tempo para que todo o processo seja concluído, conforme assinala o diretor da FDUSP, Celso Campilongo.
A restauração dos espaços é feita sem perder a identidade do Prédio Histórico, preservando toda estrutura no trabalho de restauro de piso, lambris, pintura, atualização da iluminação, troca de forro, elétrica, áudio e visual. “Esse processo de restauração depende de liberação de órgãos públicos, como o Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico. Um cuidado especial para que esse patrimônio receba todos os cuidados necessários durante sua renovação”, diz.
A história da sala é mantida ao máximo. Começando pelas manivelas originais de abertura das janelas. Em seguida, a preservação da cor original, por meio do processo de Estratigrafia, em que são retiradas todas as camadas até chegar no substrato. Ou seja, da camada mais recente até a cor original, permitindo identificar por quais alterações históricas a sala passou. Também é aplicada a técnica de prospecção exploratória, cuja função é verificar a existência de pinturas decorativas.