“Se os alunos de pós-graduação não podem ser uma ilha, os docentes menos ainda”, assim definiu Ana Elisa Bechara, vice-diretora da Faculdade de Direito da USP, na segunda mesa de debates da Semana Pedagógica, no âmbito da Pós-Graduação, em eventos que acontecem até quinta-feira, no Auditório Ruy Barbosa.
A rodada de debate contou com os professores José Garcez Ghirardi (FGV), e Nuno Morgadinho Coelho, da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto. A mediação foi feita por Heitor Sica (DPC-FDUSP).
Em discussão, “Diálogo entre instituições sobre a formação para os desafios jurídicos do Brasil”. Nessa linha, os participantes ampliaram a necessidade da interdisciplinaridade nos bancos da Faculdade, promovendo o diálogo com os alunos, com proposta conjuntas.
Ana Elisa acrescentou que houve mudança significativa no perfil do alunado, especialmente com a ampliação das cotas, que levam para a Faculdade demandas que não existiam há alguns. “Essa mudança enriquece a discussão em sala de aula”, disse. “Quando surge um incômodo dos alunos, isso mexe com os professores, promovendo sinergia com a sociedade, começando dentro da sala de aula”, acrescentou.
Garcez, por sua vez, acrescentou que o Direito é propulsor de mudanças sociais. “Não estamos reagindo ao mundo que muda, estamos fazendo o mundo mudar”, afirmou. Com relação às rápidas mudanças no entendimento do sistema de Justiça, asseverou que: “Não tenho nada contra o tradicional. O problema é que o método não tem sido eficiente”.
Coelho ratificou a importância de diálogo entre as instituições. “Há níveis de interdisciplinaridade e esse diálogo, aos poucos, vão se formando em diversas áreas, em diferentes atividades”, disse. A discussão do ensino do Direito passa ao largo. A gente não tem congressos que discutem o ensino do Direito. Você vai num grande congresso e se discute dogmas, doutrinas. O ensino do Direito não é discutido por quem ensina Direito”, adiciona.
Heitor Sica destacou alguns aspectos em comum entre os expositores. Citou como primeiro a preocupação do Curso de Direito com o social, com a realidade e o papel que o aluno – nos diferentes níveis de formação – tem em termos de contribuição para a sociedade. Em segundo, da criação de sinergias entre todos. Em terceiro, os métodos de ensino que se constroem a partir de realidades diferentes entre quem foi formado há alguns anos e os atuais. Ressaltou a experiência vivida, quando em processo de forma, no Departamento Jurídico, e lançou a pergunta: “Como a universidade pode promover meios para que os mecanismos que foram discutidos sejam criados?”.
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