“Não consigo imaginar uma empresa não cumprindo essa extensa legislação do trabalho que temos”, diz Mannrich ao docente Otavio Pinto e Silva
A história do professor Nelson Mannrich, docente titular sênior de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito da USP, retrata o compromisso da instituição com o ensino e com as causas trabalhistas. Entrevistado no Projeto Memórias, uma parceria entre e Fundação Arcadas e a FDUSP, o docente conta parte da trajetória, desde a Graduação, passando pela pesquisa, docência, pela advocacia, pela docência e pelos dias atuais dos direitos trabalhistas.
No bate-papo com o docente Otavio Pinto e Silva, Mannrich contou o porquê não fez a Graduação na SanFran. Quando cheguei aqui, um ‘gaiato’ que estava no corredor me perguntou se eu queria ser político ou advogado e eu disse que ‘advogado’ e ele respondeu: então não é aqui”, lembrou, reforçando que tinha acabado de chegar de Santa Catarina. Depois, fez a Pós sob orientação do professor Cesarino Jr., sendo o nono candidato a fazer o mestrado na Faculdade em matéria trabalhista, pelo novo sistema.
Rememorou da docente Nair Lemos Gonçalves, primeira vice-diretora mulher na história da SanFran. Em sua tese levou para a Academia o tema sobre inspeção do trabalho.
Para ele, os professores devem fazer com que os alunos gostem da matéria e tenham interesse em atuar na área trabalhista. Falou do tempo que Cesarino Jr. levava os alunos para conhecer na prática o trabalho.
Mais adiante tratou da categoria do trabalhador autônomo. E da tentativa de acabar com o Departamento de Direito do Trabalho. “Vamos fazer um projeto, agora, para que o Departamento seja mantido”, ressaltando que pela USP, para ser mantido um departamento eram exigidos 15 professores. “E estávamos longe disso”.”
Destacou o tempo na chefia do Departamento e a participação nas reuniões da Congregação. “Aprendi muito neste local que é a Congregação, um lugar de amplos debates”.
Extraclasse falou ainda da Academia Brasileira de Direito do Trabalho e dos Congressos organizados que chega à 15ª edição
Sobre a internacionalização ressaltou as diferenças existentes em todo o mundo do Direito do Trabalho. “Talvez pudéssemos avançar nos estudos sobre isso. Eu levo meus pesquisadores do Grupo de Estudos de Direito Contemporâneo do Trabalho e da Seguridade Social (Getrab) para diversos lugares. Já fomos em vários países. É uma experiencia muito interessante”.”
Entre os trabalhos desenvolvidos pelo Getrab, no dia 15 de agosto, está programado um congresso no Salão Nobre da FDUSP (inscrições e informações pelo e-mail getrab.usp@gmail.com).
Acerca da Legislação, Mannrich falou das tecnologias e ressaltou que a Constituição de 1988 deu um novo rumo ao Direito do Trabalho. “Nós tivemos, então, o reconhecimento dos direitos fundamentais e o Direito do Trabalho tomou um novo impulso. Isso gerou demandas no Judiciário, mudanças muito grandes. A própria evolução da humanidade, nesses 35 anos, mudou. A tecnologia mudou muito o viver em sociedade e o Direito”.”
Na advocacia trabalhista da atualidade, o docente ressaltou que o Direito do Trabalho não teria eficácia nenhuma sem um instrumento coercitivo chamada inspeção do trabalho. “O Direito do Trabalho surgiu, efetivamente, em 1833 quando foi criada a inspeção do trabalho na Inglaterra”, acrescentou. “Não consigo imaginar uma empresa não cumprindo essa extensa legislação do trabalho que temos”, ressaltou.
Mannrich destacou ainda que a advocacia trabalhista sofre um problema de advogados malformados. “O advogado tem um desafio muito grande. Tem de conhecer muito, de se atualizar, aprender de novo. Ver onde estou falhando. Todos os dias nascer de novo”, disse e reforçou: “As empresas precisam de bons advogados”.
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