Zé Reinaldo, como carinhosamente é chamado, ministrou sua última aula na Graduação da Faculdade de Direito da USP
Edição: Kaco Bovi
A arte de ensinar é um dom que a poucos cabe. E aquele que dedica seu tempo para formar novos profissionais, que irão levar adiante (e aprimorar) todo o ensinamento recebido, merece os encômios que a vida possa lhe dar. Nessa linha, não em tom de despedido, mas de permanência em outras etapas, o professor José Reinado de Lima Lopes, Filosofia e Teoria Geral do Direito da Faculdade de Direito da USP, ministrou (21/11) sua última aula na Graduação, num palco dos mais significativos da São Francisco, o Salão Nobre.
Neste olhar atento pelos ensinamentos que seriam ali dados, naquele momento, todos se puseram a sentar e a ouvir, atentamente, o que lhes seria dito. Não apenas alunas(os) da Graduação. Estavam os da Pós, em todas as instâncias, e professores, amigos, de turma, de sala de aula, de terem sido por ele orientados.
Coube aos estudantes Isabella e João Felippe subirem primeiro ao púlpito, para a eterna homenagem. Em suas falas, lembranças de textos e livros que foram pelo docente indicados. “Todo mundo que cruzou no seu caminho recebeu uma grande fortuna. A gente agradece as aulas e às Arcadas por terem permitido esse contato. E ter tido esse legado”, disseram.
Orientado por José Reinaldo, nas etapas da Pós-Graduação, Ariel Pesso, relatou: “Como o senhor mesmo ensina: se hoje podemos olhar mais longe, o fazemos por estarmos sobre os ombros de gigantes”, assinalou. Coube a ele ler a extensa carreira do homenageado. “Como antigo aluno da São Francisco, tenho pouquíssimos arrependimentos, um deles por não ter sido seu aluno na Graduação”.” A seguir citou nomes de outros grandes professores que orientaram José Reinaldo: Fabio Konder Comparato e José Eduardo Faria.
O diretor da SanFran, professor Celso Campilongo, entregou um mimo, uma miniatura (esculpida) do Prédio Histórico, e também subiu ao púlpito. Lembrou dos períodos que passaram juntos: “eu fui seu colega, muito antes do concurso de ingresso como professor, que participamos”. E acrescentou: “Fizemos muitas coisas juntos ao longo desse tempo. Conheci o Zé Reinaldo em meados dos anos 80. Depois do mestrado, e o trabalho no Departamento de Filosofia, tivemos o mesmo orientador no doutorado (José Eduardo Faria).
Campilongo acrescentou que um dos grandes defeitos de sua formação foi não ter sido aluno do José Reinaldo. “Um grande professor que é capaz de mobilizar na sua última aula de Graduação tantas pessoas, muitas as quais formou”, adicionou.
Antes de começar sua aula, José Reinaldo avisou: “Não sei como reagir a essa homenagem. Sou um pouco tímido. Quando a gente chega em uma homenagem especial como essa, é algo muito pessoal, muito comovente”. Adiante, agradeceu aos presentes pela generosidade. Mais especialmente, ao respeito com qual sempre foi tratado pelos alunos amigos e professores, não apenas de seu departamento, mas de todos. “Sempre fui pautado por ministrar aulas de forma a fazer um ambiente de convívio aberto”, disse.
Por fim, assinalou que os cursos vão mudando ano a ano, inclusive por meio das conversas com os estudantes. De acordo com ele, cada semestre sempre foi diferente, formando um ambiente de cordialidade e de amizade; em um querer de todos, recíproco. “Isso só pode acontecer quando realmente há os dois lados para promover o conhecimento e o saber, com dedicação, a nossa disciplina”, acrescentou. Em seguida, iniciou a aula.
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