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Professores do DTB analisam proposta de reforma sindical

Mais uma proposta de alteração nas legislações trabalhistas, encomendada pelo governo federal, gera polêmica. O projeto de reforma sindical legaliza o locaute e limita o poder da Justiça do Trabalho. As mudanças alteram a estrutura do sindicalismo no Brasil.

O locaute —espécie de greve de empresas— é proibido. Pelo instrumento, em vez de os trabalhadores, são os empresários que interrompem deliberadamente as atividades.

A ideia, de acordo com texto formulado, é fortalecer a negociação, além de autorizar sindicato por empresa.

Em reportagem, o jornal “Folha de S.Paulo” ouviu os professores Nelson Mannrich, Otavio Pinto e Silva e Guilherme Guimarães Feliciano, docentes do Departamento de Direito do Trabalho e da Seguridade Social da Faculdade de Direito da USP. "Em vez de promover a negociação coletiva, o locaute acaba por sufocá-la", diz Pinto e Silva. Para ele, a greve, como último instrumento, busca o atendimento de uma reivindicação, quando frustrada a negociação. "Mas o locaute viria com qual objetivo?".

Ele adverte, inclusive, que pode haver questionamento da constitucionalidade da regra caso ela avance.

Integrante do Grupo de Altos Estudos do Trabalho, que desenvolveu o estudo para o Ministério do Trabalho, Mannrich assinala que a busca está na paridade de armas. "Se o empregado tem uma arma (greve), o empregador tem o direito de ter a mesma arma (locaute)", diz. O docente acrescenta, sobre os pleitos dos empresários, seria necessária uma regulação por meio de lei infraconstitucional. "Não existe direito absoluto", afirma, aos repórteres Catia Seabra e William Castanho.

Feliciano, por sua vez, destaca a existência de "fixação dos ultraliberais" no tema. "Extinguem o poder normativo ao mesmo tempo em que enfraquecem os sindicatos", ressalta. Conforme explica, apesar da origem autoritária do poder normativo, a reforma do Judiciário de 2004 o tornou democrático. "Neste momento, imaginar que apenas a arbitragem resolva os conflitos coletivos é, no mínimo, temerário", acrescentou.

 

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