Mostra composta por painéis que abrange o vínculo do jurista com a Faculdade de Direito pode ser conferia no Museu da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco
Edição: Kaco Bovi
Os passos de um dos mais importantes juristas brasileiros, que construiu e deixou um legado importantíssimo para a sociedade e o Judiciário, podem ser conferidos em exposição no Museu da Faculdade de Direito da USP. Inaugurada em 23 de novembro, a mostra “Rui Barbosa – Marcos de uma atuação plural” é composta por painéis que contam sua história, desde estudante na Velha e sempre nova Academia, a uma das personalidades mais respeitadas no Brasil e no mundo, cujo legado transcende o centenário de morte, em março de 1923.
Na cerimônia de instalação, a professora Ivette Senise Ferreira, primeira diretora mulher da FDUSP; o atual diretor, Celso Fernandes Campilongo, e o embaixador Carlos Henrique Cardim; observados por diversos convidados (na Sala Visconde de São Leopoldo) contaram uma pequena parte dessa contribuição.
“Eu me atreveria a dizer que o Rui Barbosa foi provavelmente o mais importante antigo aluno que tivemos na Faculdade”, disse Campilongo, após elencar a iconografia da FDUSP que teve entre seus estudantes José Bonifácio, Barão de Rio Branco, Joaquim Nabuco. Que formou treze presidentes da República, diversos governadores de Estado, Ministros de Estados e das Cortes Superiores, advogados, juristas, um número incontável de pensadores, poetas, escritores, artistas e tantos outros profissionais.
Contou sobre seus amigos, como Luiz Gama, com quem Barbosa fundou jornais e lutou pelo abolicionismo e tantos outros. “Termino pela sala da Diretoria. Tenho a honra de ser abençoado diariamente, e a professor Ivette, também, já teve a mesma honra. Tem apenas um quadro na sala da Diretoria e é do Rui Barbosa”, disse. E acrescentou: “se nós temos uma alma mater, no Largo de São Francisco, ela está indelevelmente vinculada à figura do Rui Barbosa. Por isso é um orgulho, uma honra e um dever que a Faculdade receba uma exposição como essa, iniciativa da Comissão do Museu e iniciativa da professora Ivette”.
Por sua fala, a ex-diretora Ivette Senise aproveitou para agradecer a equipe da Comissão do Museu que trabalhou incansavelmente para tornar possível a realização da exposição, como tem feito nos últimos 25 anos, destacando os feitos e as glórias de homenageados, sempre com uma nova instalação. “Tivemos uma certa dificuldade de apresentar todo o trabalho de Rui Barbosa, por conta da enorme contribuição dele para o Brasil e para o mundo. Por isso, tivemos de escolher um material que contasse sua ligação com a Faculdade de Direito”, afirmou.
Em seguida, a agradeceu a diretora da Biblioteca da FDUSP, Maria Lúcia Beffa, e leu um texto preparado pela professora Heloisa Barbuy, museóloga e professora sênior no Museu da FDUSP, em que abrange o centenário de morte de Rui Barbosa. Tendo como eixo suas relações com a Faculdade de Direito. “Para falar dessa trajetória, seguimos os passos de Rui em algumas de suas causas, viagens lugares visitados e trechos selecionados de seus muitos discursos, buscando sempre a repercussão desses momentos ligados à Faculdade de Direito do Largo de São Francisco”, diz o texto de Barbuy.
Especialista em Rui Barbosa, Cardim abordou trechos de seu livro “A Raiz das Coisas”, em que retrata o trabalho realizado pelo jurista brasileiro na Conferência da Paz de Haia, de 1907, ocasião que sua atuação foi determinante para redefinir o lugar da política externa brasileira. Fala das correspondências trocadas entre Rui Barbosa e o Barão de Rio Branco. E do discurso do homenageado, ao saudar José Bonifácio, o moço. “Quando vemos que a obra de Rui Barbosa tem 137 volumes e nenhum livro, ficamos chocados. Mas é assim mesmo, os grandes mestres não deixaram nada escrito”, disse.
Em seguida, passou para o trabalho de Rui no cenário internacional. E acrescentou o poder apaziguador. “Isso é muito importante. Esse trabalho de apaziguar o Brasil. O Rui evitou que a nossa República entrasse no caudilhismo, no militarismo. Que podia ser um banho de sangue”, afirmou.
Idealismo
Dos painéis, sobre a história de Rui Barbosa, estão a primeira constituição no período republicano; a campanha civilista, a conferência da paz, em Haia, e suas repercussões, a reforma do ensino, o idealismo, o estudante de Direito, a modernidade, o fonógrafo e o futuro, dentre tantas outras passagens.
O Museu da Faculdade de Direito a USP fica no primeiro andar do Prédio Histórico. Visitação, de segunda a sexta-feira, das 09h às 17h. Largo de São Francisco, 95, Centro-SP.