Eição: Kaco Bovi
Os desafios no enfrentamento ao racismo estrutural, especialmente os ataques cometidos contra a juventude negra, bem como de promoção de políticas de acesso e formas de combate à violência, marcaram a mesa de abertura da Caravana Participativa do Plano Nacional Juventude Negra Viva, no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP. Ao longo de dois dias (25 e 26/05) vários serão os temas em debate.
A etapa Paulista, organizada pela Coordenação de Promoção da Igualdade Racial, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, tem como finalidade a elaboração e a implementação de políticas de enfrentamento ao racismo.
A professora Eunice Prudente, Direito do Estado e Direitos Humanos da Faculdade de Direito da USP, observou a preocupação do atual governo, com as questões humanas. E assinalou: “Esse território livre do Largo de São Francisco pertence a juventude negra”. Ela acrescentou a obrigação “de se cuidar bem do nosso futuro, em busca do protagonismo negro em São Paulo e no Brasil”. Disse a docente, que é secretária municipal de Justiça de São Paulo: “Aguardamos resultados importante da Caravana que está passando por São Paulo”.
Os palestrantes acreditam que somente com espaços de escuta coletiva, como essa Caravana, que reúne 16 ministérios e é coordenada pelo Ministério de Igualdade Racial e a Secretaria-Geral da Presidência da República, conseguirão obter resultados positivos.
Olhar para os índices
“É um desafio que tem de ser enfrentado por todo o governo”, afirmou Jessey Dayane, Secretário Adjunto da Secretaria Nacional de Juventude da Presidência. Entre as iniciativas, é preciso olhar para os índices em busca de conseguir frear o genocídio.
“Preservar a vida da juventude negra é um desafio”, ressaltou Yuri Silva, diretor de Políticas de Combate e Superação do Racismo do Ministério da Igualdade Racial (MIR). Entre os temas em questão, tratou de implementação de tecnologias sociais no sentido de conter a violência sofrida pela juventude. E colocou como barreiras para conter o racismo os direitos à educação, saúde, assistência social entre outras.
“Temos de dar reposta efetiva a um fenômeno delicado que é a morte de nossa juventude. Perder a juventude negra significa um prejuízo incalculável”, asseverou.
A vereadora Elaine do Quilombo Periférico falou de um plano para a proteção da juventude negra; Robson Ferreira, coordenador de políticas para a população negra e indígena de São Paulo, ressaltou a Educação como forma de levar conhecimentos e capacitar os jovens, para o mercado de trabalho.
A ex-prefeita e secretária municipal de Relações Internacionais, Marta Suplicy, destacou o fato de ter sido retomada a prática de ouvir a população atacada pelo racismo e poder atuar pela igualdade. “Essa população está desprovida de direitos. Ela lembrou que São Paulo foi pioneira em tornar feriado o Dia da Consciência Negra, hoje feriado nacional. “É preciso assegurar espaço para combater o racismo”, disse. “É a juventude que muda o mundo e tem coragem”, adicionou.
Elisa Rodrigues, secretária executiva adjunta na Secretaria dos Direitos Humanos e Cidadania do Município, realçou os centros de referência que trabalham no acolhimento de denúncia de discriminação e racismo e ressaltou que os ônibus de São Paulo têm adesivada a frase “Racismo é crime”, e que a fórmula de políticas públicas se faz ouvindo a sociedade. Por sua vez, a secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Soninha Francine, destacou a necessidade de pôr fim ao “atraso nojento do racismo e a xenofobia”, citando, inclusive, os ataques cometidos contra o jogador de futebol Vinícius Junior, nos campos espanhóis.