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Travesti Victória Dandara celebra mestrado em Harvard e escreve mais um capítulo da história de estudantes da FDUSP

Aluna que se formou com a primeira turma de cotistas da Faculdade de Direito da USP quer chegar na ONU

 

A excelência das(os) estudantes que ingressaram na Faculdade de Direito pelo sistema de cotas teve mais um capítulo escrito. A aluna Victória Dandara Toth Rossi Amorim, formada com a primeira turma de cotistas da FDUSP, é também a primeira travesti brasileira declarada a fazer mestrado na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

"Estar aqui, para mim, representa um sonho não só individual, mas coletivo. Hoje, quando ando pelo campus que abrigou personalidades como Barack Obama e Michelle Obama, me orgulho em poder dizer que agora uma travesti brasileira também ocupa este espaço. É um avanço para todas nós", comemorou.

Dandara já tinha feito história na FDUSP. "Até a minha turma (a Faculdade tem quase duzentos anos) não tinha nenhuma pessoa trans entrando de forma assumida. Temos pessoas que entraram, se formaram e se identificaram trans somente depois, mas não é a mesma situação”, disse.

Ao longo de sua formação, Harvard nunca pareceu uma possibilidade. Conforme conta, a universidade, uma das melhores de todo o mundo, só lhe era acessível nos filmes e pela televisão. Porém, seu primeiro sonho de se formar em Direito na principal faculdade de Direito do Brasil, o sonho de chega à universidade dos Estados Unidos começou a ficar mais próxima até se tornar real.

Em uma entrevista para o Portal Terra, no início deste ano, ela apontou as dificuldades que encontrou à época de ingresso na FDUSP, de ser uma travesti, prestar a prova para ocupar este espaço. “O meu corpo gerava estranhamento nos professores, nos alunos e é uma vitória”, disse. “Com o meu ingresso na SanFran, ficou mais escancarado que, com mais de 190 anos desta instituição, que formou 14 presidentes brasileiros e milhares de outras personalidades para o mundo jurídico e para todas as áreas da sociedade brasileira, nunca tinha conseguido formar uma travesti até então", acrescentou.

"Meu sonho profissional agora é estar num trabalho que eu sinta que esteja mudando a vida das pessoas. Posso dizer que quero chegar na ONU? Acredito que hoje eu possa. Mas, para além da cadeira, é saber que estou dando lugares para meninas trans do amanhã", afirmou à reportagem do Portal Terra.

A ideia de estudar em Harvard teve início quando conheceu as bolsas de estudos internacionais da Fundação Estudar. A instituição ajuda pessoas a estudarem para as provas e a lidar com as burocracias necessárias para adentrar nas universidades norte-americanas. Com esse suporte, ela conseguiu passar não apenas em Harvard, mas em uma lista de faculdades que inclui Berkeley, Northwestern, Georgetown, Nova York (NYU), Columbia, Los Angeles (UCLA) e American University.

 

Edição: Kaco Bovi

 

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