As pequenas notas, escondidas dentro das obras, dão pistas de como elas chegaram à Faculdade. Raras e datadas de séculos, as obras da Faculdade de Direito da USP, muitas delas doadas por historiadores, professores, juristas e tantos outros membros da sociedade, compõem um pouco da riqueza desta que é uma das mais antigas e mais tradicionais bibliotecas do país.
Apenas um pedaço desse acervo (com milhares de títulos) foi apresentado ao público pela diretora da Biblioteca da SanFran, Maria Lúcia Beffa, e pelo diretor da FDUSP, professor Celso Campilongo, na Semana de 22 e a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco”, evento repleto de atividades e palestras de especialistas acerca da mudança cultural da Semana de 1922, no Teatro Municipal, que à época contou com a participação de vários integrantes da comunidade franciscana.
Nessa direção, Beffa apresentou alguns dos livros que fazem desse universo, antes, durante e no tempo do evento, que completa seu centenário. Dentre os quais estão exemplares autografados de Cândido Motta Filho; Alberto Torres;. Mário da Silva Brito; Mário de Andrade; Alcântara Machado; Sérgio Milliet da Costa e Silva; Oswald de Andrade; Menotti Del Picchia e diversos outros participantes.
“Guilherme de Almeida tem umas edições muito bonitas, com colorido, desenhos e trabalhos tipográficos muito interessantes. Ele tinha um apreço por suas edições”, disse, acrescentando o livro “Você”, com desenhos de Anita Malfatti. Estes trabalhos podem ser conferidos, inclusive, na exposição “Das Arcadas à Semana de 22”, que pode ser conferida na Sala Visconde de São Leopoldo.
As “Máscaras”, de Del Picchia, por exemplo, a bibliotecária explicou que foi um presente para o José Carlos Macedo Soares e está autografa pelo autor e pelo ilustrador da obra, Antônio Paim Vieira. “Estudando as marcas dos livros acabei descobrindo, por exemplo, algumas obras com as iniciais ‘SP’, que pertenceu a Biblioteca Silvio Portugal”, disse. Entre as apresentações, destacou “O Perfeito Cozinheiro das Almas Deste Mundo”, de Oswald de Andrade, doado por Campilongo. Entre algumas curiosidades, apontou alguns emojis que já usavam àquela época.
Por sua fala, Campilongo analisou que muitas dessas obras raras simbolizam o crescimento da indústria, da economia entre outros. “Era o perfil da população e significava uma mudança da estrutura social de São Paulo. Ou seja, se reflete na forma de utilização da linguagem, que era traduzida, também, na arquitetura e outras manifestações artísticas”, afirmou.
A palestra completa pode ser conferida no Canal do YouTube da FDUSP
