Magnífico Reitor,
Ilustre Procurador Geral e
Chefes de Departamentos:
- Temos tentado, pacientemente, ouvir, dialogar e entender os variados, voláteis e expansivos pleitos do alunado da FD;
- A Faculdade encontra-se irregularmente "tomada" pelos alunos;
- Ontem, após horas de negociação entre a Reitoria e representantes dos estudantes, recebemos pedido de audiência, formulado pelo CA XI de Agosto. Como sempre fizemos, prontamente, aceitamos a solicitação;
- Em seguida, recebemos dois documentos com elenco de reivindicações;
- Boa parte dos itens diz respeito a atribuições estranhas à Diretoria; num primeiro momento, a greve na FD apresentava-se apenas como em solidariedade a outras Unidades;
- Além disso, alguns pleitos invadem competências e temas com discussões em andamento, junto à Reitoria e a outras instâncias da Universidade. Alguns pleitos são até mesmo estranhos à USP e devem ser negociados em outras esferas;
- O alunado tem ciência disso. Por isso, parece se tratar de provável estratégia de fragmentação e enfraquecimento da negociação em curso na Reitoria e multiplicação das pautas junto às Unidades;
- Enviamos abaixo, para ciência, os dois textos.
- Recebemos os documentos como provocação. Sinalização inequívoca de que o grupo mais ativo na greve ultrapassou os limites, avança pretensões inalcançáveis e não pretende negociar nada. Antes mesmo da audiência de hoje, o documento elaborado pelos alunos já estava publicado pelo CA XI de Agosto e circulando nas redes sociais.
- A indignação da quase totalidade dos professores e de boa parte do alunado também chegou à Diretoria. Fica cada vez mais evidente que os maiores prejudicados com o açodamento serão os próprios estudantes, em especial os mais vulneráveis, e a USP.
- A deliberação de apoio da Congregação ao comunicado da Diretoria sobre a greve é prova dessa indignação. Pouquíssimos docentes e a representação discente votaram contra o comunicado. E mais: depois disso, a representação discente de graduação afastou-se do comitê de greve.
- Hoje, após receber os alunos, dissemos a eles que, da parte da Diretoria, não há o que negociar. A negociação em andamento é aquela entre a Reitoria e os grevistas, com previsão de assembleia estudantil para a próxima segunda-feira.
- A boa vontade do Reitor e a proposta de Reitoria apresentada ontem (04.10.23) significam enorme avanço. Esperamos que os estudantes se deem conta de suas conquistas e encerrem a paralisação.
- Por lealdade ao Reitor e aos Chefes de Departamentos, por consideração à maior parcela do alunado, dos professores e dos funcionários, em homenagem à Procuradoria Geral da Universidade, em conformidade à ordem jurídica e, muito especialmente, em respeito à USP, informamos que encerraremos qualquer tratativa com os grevistas. Aguardaremos os desdobramentos das tratativas entre a USP e os estudantes paralisados.
No dia de aniversário da Constituição de 1988, não nos curvamos aos radicalismos, às intransigências e às ilegalidades, por mais tolerantes que possamos ser.
Atenciosamente,
Celso Campilongo
Diretor da Faculdade de Direito