Sentimentos de amizade, lembranças familiare, a importância profissional, o homem, o professor, o jurista e um dos mais reconhecidos nomes do Direito permearam as falas daqueles que passaram ao longo de dois dias pelo Auditório Ruy Barbosa Nogueira na homenagem ao professor e ex-diretor da Faculdade de Direito da USP Antonio Junqueira de Azevedo. Sua história na Universidade de São Paulo ultrapassou as fronteiras paulistanas, ao fundar a FD de Ribeirão Preto da USP.
Atuou em diversas associações científicas como a Associação Henri Capitant de Juristas Amigos da Cultura Francesa, AASP e IASP, bem como a Academia Paulista de Direito. Tem entre obras publicadas “Insuficiências, deficiências e desatualização do projeto de código civil na questão da boa-fé objetiva nos contratos”, e muitas outras.
Momentos relatados por cada um que passou pelo Ruy Barbosa para demonstrar a admiração ao docente que dia 10 de novembro marca 15 anos de sua morte.
Ao abrir os trabalhos, o professor Claudio Bueno de Godoy (FDUSP), um dos organizadores do evento, lembrou se tratar de um encontro entre amigos e passou a palavra a Inácio Junqueira (filho do homenageado), pesquisador científico do Instituto Butantan. “Fico feliz pela iniciativa, não só pela pessoa do meu pai, mas da obra deixada por ele. O que ele mais gostava era de ensinar”, disse. “Nessas homenagens a gente sente que ele continua imortalizado”, acrescentou.
Por sua vez, Godoy lembrou que Junqueira deixou uma obra de referência ao Direito Civil e ao sistema Judiciário como um todo. Também coordenador do encontro, Fábio Melo Martins relatou se tratar a realização de um sonho poder demonstrar a importância de Junqueira. “Ele tinha uma capacidade didática intelectual absurda e um amor pela faculdade. Era um visionário, olhava adiante”.” Citou entre os exemplos sua preocupação filosófica.
Na primeira mesa, João Del Nero assinalou: “o professor Junqueira é inesquecível”. Em seguida, relatou alguns pareceres do homenageado, observando uma afirmação de Junqueira que o Direito tem identidade própria.
O professor Francisco Marino assinalou se tratar de um dos congressos mais especiais que teve a oportunidade de participar. “Ele honra a memória do meu mentor. Sem o professor Junqueira eu não estaria aqui, não seria quem sou”.” Ratificou alguns aprendizados levados por Junqueira, como o valor social dos contratos.
Otavio Luiz Rodrigues Jr. afirmou que as aulas do professor Junqueira eram uma representação do Brasil, especialmente pela quantidade de alunos que vinham de vários estados para acompanhar suas erudições de Direito Civil. Entre os pontos relatados pelo docente, fez uma síntese reduzida do trabalho de Junqueira em relação à boa-fé objetiva. “Nos anos 90, ele começa a desenvolver a ideia de que nós havíamos chegado, inicialmente, à uma superação do paradigma anterior, numa busca por legalidade, por segurança jurídica contra a interpretações judiciais do antigo regime que eram consideradas como passíveis de uma série de manipulações que impediam o povo de ter acesso à justiça”, disse.
No segundo dia, os trabalhos foram conduzidos pelo professor Fernando Campos Scaff e teve mesas compostas pelos docentes Marco Fábio Morsello, Juliana Krueger Pela, Otávio Pinto e Silva, Ignácio Poveda Velasco; Eduardo Marchi, e Flávio Yarshell.
Para Campos Scaff, “Este é um momento para revivermos ou relembrarmos a vida e obra do professor Junqueira, que marcou a vida de muitos que aqui estão”. Relatou que a iniciativa foi dos doutores pela FDUSP Fábio Melo Martins e Kleber Zanchim, abraçada por muito dos professores da SanFran.
“Um grande privilégio. Cada um dos que tiveram a oportunidade de viver com o professor Junqueira tem experiências marcantes. O que temos é a lembrança boa de alguém que fez diferença institucionalmente e individualmente. Estarmos integrados”.
Bruno Marge e Fabio Morsello falaram da contribuição do homenageado ao Direito Civil. “Como franciscano, o primeiro símbolo que vem é o professor Junqueira que nos acompanhou em toda a formação humanística que transcende o Direito”, disse Morsello. “Procurem não só ter um título de pós-graduação, sejam professores, devotem-se a isso. E eu me recordo, seja aqui, seja no Tribunal (Morsello é juiz), vem a baila algum tema que ele germinou”, acrescentou essa fala de Junqueir.
“A contribuição do professor Junqueira ao Direito Empresarial não pode ser dissociada da contribuição dele ao próprio Direito e ao Direito Privado e a Teoria Geral,. O Direito Empresarial muito deve ao professor Junqueira”.”
Otavio Pinto e Silva abordou a contribuição do homenageado para o Direito do Trabalho e aproveitou para contar um pouco da história pessoal do homenageado que era irmão de sua mãe, portanto, seu tio. “Tenho lembranças muito positivas, de criança, de passar as férias junto com ele”, disse.
Para Yarshell, o que se extrai da obra de Junqueira é a visão humanista. “A própria ideia de negócio jurídico, sobre a perspectiva. Era um sonho de todos ter vários anos de aula com esse humanista", disse. Entre os destaques feitos, observou suas escritas sobre arbitragem. Falou sobre a preocupação de Junqueira com a uniformidade da jurisprudência.
Poveda relatou a convivência muito próxima. Lembrou de vários colegas que fizeram parte de sua turma e foram alunos do homenageado na Graduação e contou da criação da FD de Ribeirão Preto que foi trabalhado por ele, também, para que se tornasse possível. “Como membro do Conselho Universitário, o professor Junqueira tinha um prestígio impressionante. O Conselho aprovou por unanimidade como unidade nova. No dia 25 de fevereiro de 2008 foi a aula inaugural.
Por fim Marchi destacou a tentativa para ter uma sala com o nome de Junqueira. Passados alguns tempos, conseguiram dar o nome à passarela que liga os dois prédios (o Histórico e o anexo). “Sugeri o nome para o auditório, pelo que ele representou para a Faculdade, o que acabou não acontecendo”, disse.
A transmissão completa está no YouTube. Confira, dissemine: https://www.youtube.com/@FaculdadedeDireitodaUSP
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