Debates compuseram segundo dia do 9º Congresso da Graduação da USP, na Faculdade de Direito
Edição: Kaco Bovi
A promoção de práticas inclusivas, conhecimentos, para ampliar a diversidade, acessibilidade e extensão curricular foram alguns dos temas que permearam o segundo dia do 9º Congresso da Graduação da USP. O evento, organizado pela Pró-Reitoria de Graduação da Universidade, foi composto por debates no Salão Nobre e demais salas da Faculdade de Direito da USP. Reuniu docentes e demais profissionais do ensino para discutir as principais aflições dentro do eixo central “Inclusão no ensino de graduação”.
Em uma das mesas no palco principal, com as docentes Ana Brandão (EP USP); Laura Ceretta (UFPR) e Cláudia Pereira Vianna (FE USP), o moderador Marcos Neira observou diversas vertentes. Conforme expôs, a professora Claudia chamou a atenção para o fato de que as diferenças se transformam em desigualdades e que não existe neutralidade nas disciplinas acadêmicas, porque certas disciplinas requerem uma amplitude de conhecimento. “Ela foi mostrando como todos os saberes devem ser abordados no currículo, sendo de boa maneira atravessados pelas questões de gênero”, disse.
Para a docente, é preocupante fazer a defesa de uma formação contida na área do gênero sem ter uma formação inicial. Ou seja, é preciso ser um tema presente na formação de todas as pessoas. Também chamou atenção para a importância do enfrentamento das diversidades.
De acordo com os especialistas, deve-se lembrar que a inclusão tem de ser tratada de modo transversal, o tempo todo, desde o ingresso no ensino. Ser um compromisso de todas as pessoas da universidade não somente de grupos específicos ou de especialistas. “Que nós possamos estender o currículo para além da relação do conteúdo a ser ensinado”, observou.
Outro ponto que ganhou destaque é a relevância das legislações para o suporte necessário, realçando o fato de tratar questões de inclusão como um direito e jamais como um privilégio, como às vezes costuma acontecer. “Então, é muito difícil dissociar a questão racial da questão da vulnerabilidade, da questão econômica, socioeconômica”, conforme expôs a docente Ana Rosa, que apresentou dados de sua pesquisa recente, em que mostra que há uma correlação direta entre a questão racial, a desigualdade, a questão socioeconômica, a vulnerabilidade socioeconômica e o desempenho no ensino.
Entre outras falas, chamaram atenção para o fato de que a inclusão não pode ser reduzida à acessibilidade, mas que o capacitismo está assentado na questão de gênero, raça, classe, moradia etc. Por fim, chegaram à conclusão de que as políticas afirmativas precisam desencadear um efeito cada vez mais visível e perceptível.
Em outras mesas entraram nas discussões territorialidade, intolerância religiosa, demarcação da posse da terra e demais. Em roda de conversa sobre ensino superior, acessibilidade e práticas inclusivas, com Andrea Polleto Sonza (UFRN), que contou com participação do pró-reitor de Graduação Aluísio Segurado e do professor Ignácio Poveda (FDUSP), foram debatidas formas de trabalho fora e dentro de sala de aula com pessoas com deficiência. Entre os temas, ficou clara a importância de investimento em inovação tecnológica, com sites acessíveis e capacitação dos operadores. “Acessibilidade é isso. Tem diretrizes nacionais e internacionais que devem ser seguidas”, disse Andrea.
Os trabalhos foram finalizados com a apresentação da Banda de Agravo de Instrumento da SanFran.
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