Tema de pesquisa realizada pelo professor Carlos Portugal Gouvêa, Direito Comercial da Faculdade de Direito da USP, a diversidade racial em companhias abertas brasileiras ganha destaque internacional.
O levantamento está no blog do European Corporate Governance Institute (ECGI), principal think tank (instituições que desempenham papel sobre temas para políticas públicas) de governança corporativa no mundo.
Realizado entre janeiro e maio de 2021, o estudo contemplou 442 companhias abertas no País e 3.561 cargos (sendo 449 cargos de diretor-executivo – CEO, 407 cargos de diretor financeiro - CFO, e 2.705 cargos de membros do conselho de administração).
Desse total, o levantamento obteve confirmação das companhias com relação à 727 cargos e concluiu que 712 desses cargos são preenchidos por pessoas brancas, sendo apenas seis deles ocupados por pessoas pardas e nenhum por pessoas pretas.
Os dados indicam que a chance de uma pessoa branca ocupar um cargo de liderança em companhias abertas no Brasil é 58 vezes maior se comparado a uma pessoa não branca. Para Gouvêa, tais resultados confirmam a hipótese da pesquisa de que a estrutura de governança corporativa das companhias abertas brasileiras reforça determinados aspectos da estrutura social do Brasil, profundamente marcada por traços patriarcais e racistas.
O docente defende “a implementação de reformas legislativas, regulatórias, autorregulatórias ou voluntárias pelas companhias abertas brasileiras, para que sejam criadas medidas afirmativas para aumento da diversidade nos órgãos de governança corporativa, o que poderá ser um importante remédio para a superação do racismo estrutural na sociedade brasileira”.