Recém-empossada titular da Cátedra José Bonifácio da USP, ex-magistrada foi recebida por Ana Elisa Bechara, vice-diretora da FDUSP
Inclusão, pertencimento e a preocupação com a questão ambiental nacional e mundial, pautaram a visita de Christiane Taubira, ex-ministra da Justiça da França e, recém-empossada titular da Cátedra José Bonifácio da Universidade de São Paulo, à diretoria da Faculdade de Direito da USP. A catedrática foi recebida pela vice-diretora, professora Ana Elisa Bechara, que destacou a honra da recepção.
Estava acompanhada pelo professor de Direito Administrativo da FDUSP e diretor administrativo da Fapesp, Fernando Menezes de Almeida; e por Nadege Mezie, da Fapesp; Marion Magnan, do Consulado Geral da França em São Paulo; e Ana Paula F. Castelhano, pesquisadora da Cátedra José Bonifácio do Centro Ibero-Americano (Ciba) USP. O encontro teve a participação da professora Nina Ranieri, presidente da Comissão de Graduação da SanFran.
Ao falar da questão ambiental, Christiane Taubira ressaltou alguns temas que irá tratar frente à Cátedra, dentre os quais “Sociedades Amazônicas: realidades plurais, um destino comum?”. Ao longo dos próximos meses, fará diversas reuniões no Brasil, especialmente em se tratando dos debates sobre a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP30. “São questões que muito nos preocupam.”
Outro ponto de destaque e preocupação da ex-ministra está no campo das desigualdades. Para ela, que tem uma luta no combate ao racismo, uma sociedade desigual é perigosa. Autora da Lei na França que reconheceu a escravidão um crime contra humanidade, acredita que o combate ao racismo tem de ser cotidiano e que essa luta inclui muitas questões humanitárias. Além de ter atuado na aprovação da lei que leva seu sobrenome, colaborou na promulgação, em 2013, da legislação que estende o direito ao casamento a casais homoafetivos na França.
Por sua vez, a professora Ana Elisa ressaltou a importância de atuar nessas frentes e contou um pouco das dificuldades enfrentadas no Brasil pelas mulheres, em especial na docência. “Apesar de termos mais de 50% de mulheres graduadas em Direito, há muita dificuldade para chegar aos principais postos no sistema Judiciário brasileiro”, disse, observando que os tribunais superiores brasileiros têm poucas ministras.
A mesma preocupação se traduz na docência, principalmente na FDUSP, onde são pouquíssimas as professoras e um percentual muito pequeno das que chegam ao cargo de titular, observou.
Sobre os encontros que contarão com a ex-ministra francesa no próximo ano, uma das sedes (de evento, provavelmente em março) será SanFran. “Para a Faculdade será um momento especial abrigar um evento com tantos significados”, assinalou Ana Elisa.
Após a reunião, Taubira aproveitou para conhecer alguns espaços da Faculdade de Direito. Passou pelas Salas Visconde de São Leopoldo, da Congregação e das Becas. Ficou encantada com a beleza do Salão Nobre e com os livros da Biblioteca da SanFran, que completará 200 anos em 2025; e admirou a Sala Ada Pellegrini, a primeira a receber o nome de uma mulher na São Francisco.
Formada em Economia, Taubira é natural da Guiana Francesa. Foi ministra da Justiça da França de 2012 a 2016, no governo do presidente François Hollande.
Entre outras funções, foi deputada na Assembleia da República Francesa, de 1993 a 2012; deputada no Parlamento Europeu, de 1994 e 1999; e conselheira regional da Guiana, de 2010 a 2012. A luta contra o racismo marca a atuação política da ex-ministra.
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