Alguns desafios enfrentados durante a pandemia e os que serão postos à frente na Faculdade de Direito da USP são abordados pelo novo diretor da FDUSP, professor Celso Fernandes Campilongo (DFD), em entrevista à Revista Conjur. O docente tomará posse nesta segunda-feira (21/02, às 18h00), com Ana Elisa Bechara (DPM), vice-diretora.
Conforme explica Campilongo, a crise sanitária forçou a todos a criação repentina de mecanismos para tentar assegurar o funcionamento das instituições sociais políticas, jurídicas e econômicas. Com a educação não foi diferente. Escolas e faculdades (públicas e privadas) tiveram de, às pressas, fazer uso da tecnologia para que as aulas pudessem ocorrer remotamente, impondo também o desafio pedagógico.
Na conversa com André Boselli, editor-chefe do Conjur, Campilongo analisou a qualidade do ensino jurídico, com ênfase ao presente, mas apontando soluções futuras; especialmente no quesito de fornecer, aos estudantes, ferramentas tecnológicas já evidenciadas no dia a dia de todo o sistema jurídico.
"A advocacia e o juiz têm de saber lidar com essas coisas todas, inteligência artificial, algoritmo, com essa capacidade de lidar com big data. Mas qual o treinamento que as faculdades de Direito oferecem hoje para ensinar a generalidade dos casos? Nenhum", assinala.
Com relação à advocacia, profissão na qual muitos dos egressos nos quadros das universidades mundiais se encaminham, o diretor avaliou o ranking de aprovação no Exame de Ordem, qualificativo para o ingresso na profissão. Tratou também das cotas raciais e sociais, bem como de estágio na Graduação.
“O perfil étnico do alunado e o perfil socioeconômico da USP de um modo geral mudaram bastante. Tivemos gradualmente uma expansão das cotas para quem veio de escola pública e cota étnica. Então, de cinco anos para cá, partimos de um percentual de cotas de 25% para atingir gradualmente mais 5% ao ano, de forma a que no ano passado, 2021, tínhamos 40% de cotas. E este ano passaremos a ter 45%”, disse. No quesito tecnológico, acrescentou: "Faculdades deveriam ter recursos tecnológicos análogos aos de tribunais".