A Semana Pedagógica 2022 da Faculdade de Direito da USP, coordenada pelo professor Francisco Marino, trouxe ao debate uma reflexão sobre o aprendizado deixado pelas aulas ministradas remotamente, no período de isolamento por conta da pandemia de covid-19.
Na quarta mesa, “Rumo a um ensino híbrido?”, conduzida pela professora Marta Saad (Direito Processual Penal), os professores Luciano Anderson (DPM), Marcos Perez (DES) e Mariângela Magalhães (DPM) divergiram em alguns aspectos, mas admitiram que – docentes e discentes – aprenderam muito.
“Aprendemos ao vivo como dar aula online. Por isso, é importante trazer essa reflexão sobre o que fizemos e como isso vai acontecer”, ponderou Saad.
Anderson Souza foi um pouco mais crítico com relação à manutenção do ensino híbrido. “A experiência que tivemos - terrível da pandemia -, que acabou nos forçando a essa certa situação, talvez, nos possibilite extrair coisas positivas”.
Conforme expôs, o ensino implica em troca de experiências entre o docente e o discente. “É um diálogo, uma possiblidade de trocar experiências, criticar, e de debater. Portanto, uma construção conjunta”, acrescentou. Ao mesmo tempo que avaliou que a aula magistral há muito deixou de ser considerada como um potencial de ensino verdadeiro, destacou que o ensino humanista é necessariamente emancipador, criativo, reflexivo e baseado no diálogo.
Para Anderson Souza, o ensino a distância tende a ser algo empobrecido. “Só será útil se tivermos uma mudança de mentalidade”, disse. Ou seja, não acredita num sistema precisamente híbrido no atual contexto social em matéria de Direito.
Marcos Perez, por sua vez, acredita que o ensino híbrido tem significativo papel. “O nosso aluno tem uma característica própria. Ele é muito exigente, crítico, bem-preparado.”.
O docente acrescentou que as técnicas de comunicação não param de evoluir. Portanto, o híbrido permite utilizar todas as técnicas da tecnologia de informação do que está disponível. “Enriquece nosso repertório de ferramentas, para usar virtualmente ou na sala de aula”. Adicionou o fato de que foi esse ensino virtual que possibilitou usar trechos de filmes ou aulas de professores internacionais, onde pôde, por exemplo, discutir o problema das fake News.
Na visão de Mariângela Magalhães, é preciso identificar quais os caminhos para o ensino a partir dessa experiência. E lançou a pergunta: “Passado o período do isolamento, como incorporar o que fizemos às nossas atividades?”.
De acordo com a docente, houve uma quebra de preconceitos de medos e de dúvidas sobre o ensino virtual. “Talvez, esse seja o momento muito oportuno para avançar esse debate.”. Defende que é preciso repensarmos a avaliação. “O professor também tem de ter consciência de seu papel em sala de aula, ao mesmo tempo que os alunos têm papel importante para construção do conhecimento”, disse.