A Faculdade esgotou suas possibilidades de negociação com os “grevistas”. A pauta das negociações restringe-se, agora, até pela natureza prevalente dos temas, às conversações dos estudantes paralisados com a Reitoria.
A escalada de pautas radicais, propositadamente descoladas da realidade e, por isso, inalcançáveis, mostra interesses pouco claros e distantes das preocupações verdadeiramente acadêmicas.
Se os alunos – ou parte dos alunos – pretendem fazer “greve”, que continuem fazendo. Mas que saibam das consequências de seus atos.
Os prejuízos para a USP e para a Faculdade de Direito são claríssimos e graves. Abalo de imagem, esvaziamento dos programas sociais internos, instalação de um clima de discórdia e acirramento de ânimos entre docentes e estudantes, comprometimento dos programas escolares, dentre outras perdas. As maiores vítimas desse processo são os próprios alunos. Os maiores beneficiários são os grupos radicais que, no extremo oposto, se deliciam com a situação. A Faculdade de Direito não merece ser assim vilipendiada.
As ameaças, hostilidades e ataques a professores, alunos e funcionários são intoleráveis e não serão admitidos. Os membros da comunidade acadêmica que tenham sofrido ou sofrerem qualquer violência ou constrangimento terão todo o respaldo da Diretoria para a tomada das medidas cabíveis.
Professores e funcionários que dedicaram a vida à Escola reafirmaram, durante todo o período da paralisação, sua entrega e amor à Faculdade. As tentativas de rompimento desse clima de diálogo e civilidade causam profunda tristeza e decepção.
A “greve” não é dos professores. As aulas não serão repostas. Haverá perda do semestre para aqueles que não voltarem às atividades. Provavelmente, isso poderá causar prejuízos a todos e, mais imediatamente, àqueles que deveriam colar grau no final do ano.
As aulas prosseguirão de modo virtual (online), para os professores que assim desejarem fazer.
Num último apelo à racionalidade, desocupem a Faculdade, acabem com a paralisação e retornem às aulas. Reflitam seriamente sobre as propostas da Reitoria, que demonstrou sensibilidade e realismo diante dos pleitos apresentados.
No dia do 35º aniversário da Constituição de 1988, não nos curvamos aos radicalismos, às intransigências e às ilegalidades, por mais tolerantes que possamos ser.
Arcadas, 5 de outubro de 2023.
Celso Fernandes Campilongo
Ana Elisa Liberatore S. Bechara