Dama da literatura brasileira, imortal da Academia Brasileira de Letras, Lygia Fagundes Telles, Antiga Aluna da Faculdade de Direito da USP, deixou a cultura brasileira mais empobrecida neste domingo. Partiu, aos 98 anos. Fica o legado de suas obras e a eterna saudade daquelas pessoas que deveriam ficar para a eternidade.
Formou-se nas Arcadas, em 1946, ocasião em que conhecera Mário de Andrade e Oswald de Andrade, Paulo Emílio Sales Gomes, entre outros ícones do saber nacional. Integrou a academia de letras da faculdade e colaborou com os jornais “Arcádia” e “A Balança”.
Casou-se com o professor Emérito Goffredo Telles Júnior. Enveredou para a literatura, para enriquecer a cultura do Brasil, onde recebeu prêmios como “Jabuti”, em várias edições, além do “Camões”, “Coelho Neto”; “Pen Club do Brasil”, e internacionais. Suas obras estão em uma lista de diversos países; dentre os quais, Portugal, França, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Holanda, Suécia, Espanha, República Checa.
Uma mulher que construiu e contou histórias. “Essa franciscana notável é, sem dúvida, umas das mais emblemáticas representantes da literatura brasileira”, diz a vice-diretora da FDUSP, Ana Elisa Bechara. Para além ressaltou seus incontáveis prêmios no Brasil e no exterior: “Lygia foi a primeira mulher brasileira a ser indicada ao prêmio Nobel de Literatura”.
Outro ponto destacado por Ana Elisa foi seu trabalho denso e comprometido com a reflexão acerca das desigualdades. “Traz uma perspectiva única de tantas questões existenciais e sociais, dentre as quais, inclusive, a condição das mulheres e os estereótipos sociais de gênero”, assinalou.
Nessa linha, adiciona: “A obra de Lygia Fagundes Telles permite entender melhor o tempo em que vivemos e as preocupações da sociedade em toda sua complexidade”.
Conforme destaca o Diretor, Celso Campilongo, Lygia foi grande expoente da literatura. “Tinha enormes vínculos com a Faculdade e era dos maiores destaques femininos da nossa ilustre galeria de escritoras e escritores”, ressaltou.
Campilongo lembrou ainda que Lygia foi também a primeira mulher a dar nome a uma sala da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.
Presidente da Comissão de Pós-Graduação da FDUSP, Gustavo Monaco realçou que foi a primeira personalidade que ele conheceu nas Arcadas. “Até hoje, não acredito que a abordei nas escadas. E como foi simpática e acolhedora”. O docente lembrou da relação de Lygia com outros professores da SanFran, como o Emérito Celso Lafer. “Uma vez, num jantar na casa do professor Lafer, ficamos, Isis e eu, um tempão conversando com ela. Uma simpatia que se esvai”, destaca.
A escritora paulista publicou obras como “Ciranda de Pedra”, “Verão no Aquário”, “As Meninas”, “Antes do Baile Verde”, As Horas Nuas, Invenção e Memória, dentre tantas outras.