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Domingo, 03 de Abril de 2022
Ser Franciscano

Antiga aluna das Arcadas, morre Lygia Fagundes Telles

Dama da literatura brasileira, imortal da Academia Brasileira de Letras, Lygia Fagundes Telles, Antiga Aluna da Faculdade de Direito da USP, deixou a cultura brasileira mais empobrecida neste domingo. Partiu, aos 98 anos. Fica o legado de suas obras e a eterna saudade daquelas pessoas que deveriam ficar para a eternidade.

Formou-se nas Arcadas, em 1946, ocasião em que conhecera Mário de Andrade e Oswald de Andrade, Paulo Emílio Sales Gomes, entre outros ícones do saber nacional. Integrou a academia de letras da faculdade e colaborou com os jornais “Arcádia” e “A Balança”.

Casou-se com o professor Emérito Goffredo Telles Júnior. Enveredou para a literatura, para enriquecer a cultura do Brasil, onde recebeu prêmios como “Jabuti”, em várias edições, além do “Camões”, “Coelho Neto”; “Pen Club do Brasil”, e internacionais. Suas obras estão em uma lista de diversos países; dentre os quais, Portugal, França, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Holanda, Suécia, Espanha, República Checa.

Uma mulher que construiu e contou histórias. “Essa franciscana notável é, sem dúvida, umas das mais emblemáticas representantes da literatura brasileira”, diz a vice-diretora da FDUSP, Ana Elisa Bechara. Para além ressaltou seus incontáveis prêmios no Brasil e no exterior: “Lygia foi a primeira mulher brasileira a ser indicada ao prêmio Nobel de Literatura”.

Outro ponto destacado por Ana Elisa foi seu trabalho denso e comprometido com a reflexão acerca das desigualdades. “Traz uma perspectiva única de tantas questões existenciais e sociais, dentre as quais, inclusive, a condição das mulheres e os estereótipos sociais de gênero”, assinalou.

Nessa linha, adiciona: “A obra de Lygia Fagundes Telles permite entender melhor o tempo em que vivemos e as preocupações da sociedade em toda sua complexidade”.

Conforme destaca o Diretor, Celso Campilongo, Lygia foi grande expoente da literatura. “Tinha enormes vínculos com a Faculdade e era dos maiores destaques femininos da nossa ilustre galeria de escritoras e escritores”, ressaltou.

Campilongo lembrou ainda que Lygia foi também a primeira mulher a dar nome a uma sala da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.

Presidente da Comissão de Pós-Graduação da FDUSP, Gustavo Monaco realçou que foi a primeira personalidade que ele conheceu nas Arcadas. “Até hoje, não acredito que a abordei nas escadas. E como foi simpática e acolhedora”. O docente lembrou da relação de Lygia com outros professores da SanFran, como o Emérito Celso Lafer. “Uma vez, num jantar na casa do professor Lafer, ficamos, Isis e eu, um tempão conversando com ela. Uma simpatia que se esvai”, destaca.

A escritora paulista publicou obras como “Ciranda de Pedra”, “Verão no Aquário”, “As Meninas”, “Antes do Baile Verde”, As Horas Nuas, Invenção e Memória, dentre tantas outras.

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