No Pátio Menor do edifício do Curso Jurídico foi inusitadamente sepultado, em 1841, o corpo de Julio Frank (Gotha, 8 dez. 1808 – S. Paulo, 19 jun. 1841), primeiro professor de História e Geografia do chamado Curso Anexo, que era preparatório para os exames de ingresso no Curso Jurídico. Contratado pelo Governo da Província em 1834, logo tornou-se um mito para os estudantes. Quando começou a dar aulas, Julio Frank tinha apenas 26 anos de idade mas ainda assim era bem mais velho que seus alunos, que tinham em torno de 15 anos. A sólida formação que havia recebido na Alemanha, aliada a seu caráter estudioso, compenetrado e idealista fez com que fosse reconhecido como um erudito no ambiente social em que vivia e uma forte liderança, que envolveu estudantes e professores do Largo de São Francisco. Com alguns deles fundou uma sociedade secreta de estudantes, nos moldes das Burschenschaft (“sociedade de jovens”) alemãs, com o fim de auxiliar estudantes promissores que tivessem poucos recursos e difundir ideais de liberdade política e igualdade social. Esta sociedade ficou conhecida como Bucha. Quando faleceu, com apenas 31 anos de idade, já era uma figura lendária e também misteriosa, uma vez que quase nada se sabia sobre seu passado na Alemanha ou as razões para sua vinda ao Brasil.
Como fosse protestante, não podia ser enterrado nas igrejas católicas. Não havendo ainda um cemitério protestante em São Paulo e querendo a todo custo evitar seu sepultamento em vala comum, um grupo formado por discípulos seus e professores, sustentado pelo diretor em exercício do Curso Jurídico, o professor José Maria de Avellar Brotero, realizou seu enterro no pátio menor da Academia, em frente à sala na qual o professor ministrara suas aulas. Pouco depois foi providenciado o túmulo ainda hoje existente e um retrato do mestre.
Não se conhece o construtor do túmulo mas sempre se alude à sua semelhança com o obelisco do Piques (atual Largo da Memória), erigido antes, em 1814.
